Factoides

HUMOR: Papas e príncipes do barulho aprontando altas confusões

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Não deixa de ser engraçado que os assuntos mais comentados na internet nesta semana estejam sendo duas instituições milenares --Igreja Católica e monarquia britânica. Mas, pensando bem, faz muito sentido: "redes sociais" são coisa tão velha quanto o mundo. Aqueles rabiscos pré-históricos nas cavernas, por exemplo, foram o primeiro Instagram (e já eram exibicionistas: "Olha só o tamanho do pernil de brontossauro que eu tô jantando; chorem, inimigas!", "olha que linda essa mulher que eu tô arrastando pelos cabelos" etc.).

As pessoas já "tuitavam" nas paredes do banheiro da minha faculdade, também pré-históricas --o conteúdo, aliás, era essencialmente o mesmo. É por isso que não vejo muito sentido nesse pessoal que diz "ai, papa e bebê real, bem-vindos à Idade Média" (em geral, é o tipo de gente que se amarra em "Game of Thrones"). Basta um rolê por algumas regiões do mundo, às vezes até a esquina da sua casa, pra perceber que mal saímos dela --e desta vez não temos nem Dante Alighieri nem Tomás de Aquino pra segurar a onda.

O fato é que o cerumano, desde muito antes da Idade Média, curte uma historinha. Melhor ainda se tiver reis e príncipes no meio: nunca vi auê parecido com nenhum "bebê presidencial". Como se trata de um pimpolho real britânico, o comunicado foi a coisa mais inglesa possível ("membros de ambas as famílias [...] estão DELICIADOS com a notícia" --devem ter ido encher a cara de gim logo depois), e a rainha fez questão de dizer que era bom o moleque aparecer logo, porque ela precisava sair de férias. Sempre amáveis, os ingleses.

Crédito: Reprodução/Globo News Papa segue em carro fechado para a Catedral Metropolitana, no Centro do Rio de Janeiro
Papa segue em carro fechado para a Catedral Metropolitana, no Centro do Rio de Janeiro

Sendo um líder religioso, o papa se presta menos a esse tipo de fábula, mas sua chegada ao Rio foi cheia de EMOÇÕES: andou de Fiat Idea (milagre não ter pifado no trajeto), pegou trânsito infernal na Presidente Vargas (às vezes Deus se disfarça de engarrafamento para testar a paciência dos sucessores de Pedro) e, sem cinto, tirou fina de uma fila de busões, como um legítimo carioca. Só faltou tuitar dentro do carro.

Como se não bastasse, foi cercado pelos "beatlemaníacos católicos", para os quais Jesus ainda é mais popular que John Lennon; achei que uma hora alguém lhe arrancaria os óculos (pra vender no Mercado Livre, talvez). Por fim, saiu do Fiatzinho pro papamóvel e do papamóvel pra um helicóptero --na média, devem ter sido mais veículos que o Bruce Willis nos filmes da série "Duro de Matar". E vocês aí achando que ser papa é molezinha.

Em resumo, creia você ou não nas duas instituições, elas até que têm agitado um bocado a modorra deste planetinha --até por oposição (beijaços, "desbatismo" com secadores, republicanos ingleses etc.). Meu diplominha de pessimista me faz crer que, sem papas e pimpolhos pop, estaríamos condenados a uma eternidade de gente tuitando sobre as camisas horrorosas do Faustão. Mas talvez progresso seja isso: é assim que o mundo acaba, não com uma explosão, mas com OLOKO MEU SEGURA ESSA CAÇULA.


RUY GOIABA se sente muito Humberto Gessinger quando escreve uma aliteração como "papas e pimpolhos pop" -leitores, desculpem. E defende a monarquia no Brasil desde que Agildo Ribeiro seja coroado rei, com Miéle como primeiro-ministro. Pode até ser absoluta (e poderosa e piramidal).

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