Factoides

"Vamos Fazer um Filme", o filme

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Todos os dias, quando acordo, tem alguém fazendo algum filme relacionado à Legião Urbana. OK, não é bem assim, mas é quase --depois de "Somos Tão Jovens" e "Faroeste Caboclo", parece que o fantasma de Renato Russo é a nova salvação das bilheterias nacionais. Pro meu gosto, é um avanço em relação às tendências "filme com jegue" e "filme com traficante", embora "Faroeste" esteja, de certo modo, no segundo grupo.

Também sou a favor de que adaptem, por exemplo, "Daniel na Cova dos Leões" --será um pornô gay, se forem fiéis à letra. O problema é que a obra do Russo, embora extensa, não é um recurso renovável: vai chegar uma hora em que surgirão coisas como "A Gente Faz uma Feijoada, O FILME". Pensando nisso, esta coluna, sempre preocupada com os rumos da sétima arte no Bananão, oferece algumas sugestões:

1) Filmes com outras bandas de Brasília nos anos 80. O que esse pessoal do cinema tem contra a Plebe Rude, por exemplo? Nunca foram tão populares quanto a Legião, certo, mas "Nascemos Jacu Mabenção" (pelo menos é isso que eu ouço eles cantarem) seria, desde o título, uma história com a cara do Brasil.

Uma querida amiga pondera, porém --e eu concordo--, que o Capital Inicial teria mais chances de sucesso nessa seara. Dá pra imaginar fácil o pôster de "Natasha, o Filme", com foto, sei lá, da Marjorie Estiano e a frase "o mundo vai acabar e ela só quer dançar" por cima. Fica a dica, de graça, para os produtores.

Crédito: Fotomontagem Daniel Oliveira no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" e Thiago Mendonça como Renato Russo em "Somos Tão Jovens"
Daniel Oliveira (esq.) no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" e Thiago Mendonça (dir.) como Renato Russo em "Somos Tão Jovens"

2) Filmes sobre Cazuza. Bem sei que a Globo Filmes lançou um há quase dez anos, mas isso está longe de esgotar as possibilidades: falta ambição ao pessoal. Por que não um filme de ação, no estilo do Bruce Willis, inspirado no bardo de regatinha e bandana? O herói, Codinome Beija-Flor, sobrevive a inimagináveis torturas numa clínica de fonoaudiologia e --armado apenas com seu cartão de crédito que é uma navalha e sua metralhadora cheia de mágoas-- mergulha numa piscina cheia de ratos para proteger seu nome por amor.

Muito caro? Podemos nos "inspirar" no Woody Allen e, como sugeriu outro amigo, fazer um "Meia-Noite no Baixo Leblon", que nos anos 80 era o auge cultural da humanidade. Protagonista volta no tempo e encontra, além do Cazuza dando piti em cima da mesa, a rapaziada do Asdrúbal Trouxe o Trombone, Perfeito Fortuna e o poeta Chacal, enquanto Caetano canta "Eclipse Oculto" e dança por entre as mesas. Que época gloriosa.

Como vocês veem, não é por falta de boas ideias que o cinema nacional não vai para a frente. E isso que eu nem sugeri uma cinebiografia de Chorão --maior poeta dos anos 90 e único homem com audácia suficiente para rimar GIMME O ANEL com GO PRO MOTEL. Que os cineastas deste país demonstrem a mesma coragem.


Para fechar o assunto, e pra vocês aí que gostam de apertar botãozinho, uma ENQUETE ALEATÓRIA:



RUY GOIABA curte de verdade o Canal Brasil, embora volta e meia se refira a ele como Anal Brasil ou Telecine Piroca. Sabe que é só o amor, é só o amor que conhece o que é verdade e que a burguesia fede, mas --como bem observa Falcão-- tem dinheiro pra comprar perfume.

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