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Implante de células nervosas olfativas devolve movimento a paraplégico

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Um homem que havia perdido o movimento das pernas após tomar uma facada nas costas e sofrer lesão na medula espinhal conseguiu se recuperar parcialmente após receber um implante de suas próprias células olfativas.

O búlgaro Darek Fidyka, 38, que havia sofrido a agressão em 2010, foi submetido ao procedimento na Universidade Médica de Wróclaw, na Polônia, dois anos depois da lesão. Depois de 19 meses, sob um programa de reabilitação intensivo, o paciente recuperou o tato e parte dos movimentos das pernas.

O procedimento usado na terapia experimental foi descrito em um estudo liderado pelo médico Pawel Tabacow no periódico científico "Cell Transplantation".

Crédito: Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Primeiro, Fidyka foi submetido a uma cirurgia para retirada de seu bulbo olfativo, projeção do cérebro responsável pelo processamento de odores. As células dessa estrutura foram então isoladas e cultivadas em laboratório, para depois serem implantadas no paciente.

No material de implante preparado pelos médicos havia tanto neurônios quanto glia -o tecido de suporte das células nervosas. A ideia é que os nervos danificados na medula espinhal se beneficiassem da capacidade de regeneração dos neurônios olfativos, que já era conhecida dos pesquisadores.

Em exames de imagem, os cientistas mostraram que alguns nervos danificados pela lesão no paciente voltaram a crescer, estabelecendo uma "ponte" sobre a lesão.

A recuperação parcial de Fidyka ainda não o permite andar sem suporte, porque menos da metade dos músculos afetados pela lesão recobrou bom nível de força. Mas ele já é capaz de dirigir.

Segundo o grupo responsável pela cirurgia, esse é o primeiro caso de sucesso em uma terapia usando células do nariz. Outros grupos já haviam tentado usar em implantes células da mucosa nasal, mais fácil de acessar do que o bulbo olfativo (que requer abertura do crânio), mas não tiveram sucesso. Tabacow foi o primeiro a empregar uma combinação de neurônio e glia tirados do bulbo.

Os cientistas dizem que continuarão testando a técnica, aplicando-a a cinco pacientes dentro de cinco anos.

"Enquanto isso, estamos pesquisando técnicas cirúrgicas para acesso minimamente invasivo ao bulbo olfativo", diz Tabacow.

CÉLULAS BRASILEIRAS

Um grupo de pesquisadores do Hospital São Rafael, em Salvador (BA), está testando uma técnica similar, mas com células da medula óssea. A pesquisadora Milena Soares afirma que houve "melhoras variáveis" nos 14 pacientes voluntários, que não tiveram efeitos adversos.

A evolução dos pacientes foi observada nos primeiros três meses após a aplicação das células e se manteve meses depois. "Houve ganho motor nas pernas, ganho de sensibilidade e melhora da função urinária, que é um dos grandes problemas dos pacientes com paraplegia."

Com REUTERS

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