Mais do mesmo na entrega dos prêmios Emmy
De todas as premiações do showbiz americano, os Emmys são os mais chatos. A Academia de Televisão tende a badalar os mesmos nomes ano após ano, e a cerimônia em si nunca é muito divertida.
O evento deste domingo (18) não fugiu à regra. A entrega dos prêmios é transmitida em rodízio pelas quatro grandes redes dos Estados Unidos: dessa vez coube à Fox, e a emissora escalou uma das estrelas da casa para ser a anfitriã. Jane Lynch, a Sue Sylvester da série "Glee", venceu como coadjuvante de comédia em 2010, e ontem, apesar de perder o repeteco do troféu, não se abalou e deu um show: cantou, dançou e não se furtou a fazer piadas sobre sua homossexualidade. Ponto para a Fox.
Mas este ponto foi perdido pela censura a Alec Baldwin, que concorria como ator de comédia por "30 Rock". Baldwin participou do ótimo clip de abertura, mas foi cortado porque soltou uma gracinha relativa à News Corporation - o conglomerado de mídia do qual a Fox faz parte, e que está envolvido num grande escândalo de grampeamento de telefones. Irritado, o ator se retirou da plateia e passou o resto da noite tuitando seu desconforto com o canal.
Pena que este drama não foi ao ar, pois o programa bem que precisava. Nem mesmo as supreendentes vitórias de Melissa McCarthy (pela sitcom "Mike & Molly") e Kyle Chandler (que teve ar de consolação, pelo último ano do injustiçado drama "Friday Night Lights") conseguiram tornar a noite mais emocionante.
Porque as repetições foram muitas, como sempre. Nas duas categorias principais venceram os mesmíssimos programas do ano passado: "Mad Men" como drama (pelo quarto ano consecutivo!) e "Modern Family" como comédia, pela segunda vez. Concordo com este último prêmio, mas na outra categoria estava torcendo pelo fantástico "Game of Thrones". E o que dizer da enésima vitória de "The Amazing Race" como melhor reality show?
Algumas incoerências aconteceram. Não dá para negar o talento de Jim Parsons, que ganhou novamente por "The Big Bang Theory". Mas ele matou a última chance de Steve Carrell, que se despediu de "The Office" depois de sete anos memoráveis e nunca faturou um Emmy. Também é duro de acreditar que nomes como Jon Hamm ("Mad Men") ou Hugh Laurie ("House") jamais puseram as mãos numa estatueta.
As longas três horas de duração seriam facilmente reduzidas para duas se categorias como direção ou roteiro --que geralmente levam ao palco rostos desconhecidos do público, com discursos longos e aborrecidos - fossem incluídas na cerimônia prévia, que já inclui os prêmios técnicos.
Mas assim são os Emmys: menos sentimentais que os Oscars, que costumam dar prêmios mais pelo conjunto da obra do que por uma atuação particular, e sem muito sentido da história. O número de programas importantes com poucos ou nenhum prêmio é gigantesco.
Para o espectador brasileiro, o pior de tudo foi mesmo a falta de SAP no canal Warner, que transmitiu a cerimônia. Os tradutores simultâneos até que fizeram um bom trabalho. Mas, para quem entende inglês, foi um sacrifício aguentar até o fim.
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