"O Homem do Futuro", um filme adolescente
Fui assistir a uma pré-estreia de "O Homem do Futuro", o novo filme de Cláudio Torres que entra em cartaz nesta sexta-feira. A produção é bem cuidada, o elenco é afiado, o ritmo é ágil e no entanto, alguma coisa estava me incomodando.
Demorei para perceber o que era, mas finalmente entendi. Eu me sentia como se estivesse vendo "Spy Kids" ou "Capitão América": um candidato a blockbuster muito bem feitinho --só que não exatamente para a minha idade.
"O Homem do Futuro" é um filme para adolescentes, feito com cabeça de adolescente. Dá para perceber que Torres escreveu o roteiro depois de passar a infância vendo "O Túnel do Tempo" e, já grandinho, os três capítulos de "De Volta para o Futuro".
A princípio, nada de errado com isto. O bom cinema comercial brasileiro tem sabido se apropriar de temas hollywoodianos e dar a eles um sabor distintamente nacional. Um exemplo disto é "Se Eu Fosse Você", que tropicalizou o manjadíssimo mote da troca de corpos e conseguiu fazer sucesso duas vezes.
O problema é a inversão de expectativa. Fui para o cinema esperando me divertir com uma comédia inteligente, talvez até um pouco picante --assim como era "A Mulher Invisível", o filme anterior do diretor. Mas passei metade do tempo achando que meu sobrinho de 11 anos estaria se divertindo muito mais.
"O Homem do Futuro" tem muitos efeitos especiais, mas nenhum deles é melhor do que Wagner Moura. Não é novidade dizer que se trata de um ator fantástico: há pouco tempo, deu mostras que tem talento e versatilidade de sobra em "Tropa de Elite 2" e "VIPs".
Mas aqui ele me surpreendeu novamente. Wagner consegue compor o mesmo personagem com várias idades só com mudanças de olhar e gestual. Sua voz é elástica, e é enorme sua empatia com a plateia. No meio de uma geração prodigiosa de jovens atores brasileiros, ele se destaca. Wagner Moura é o homem do presente.
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