Tony Goes

Será que já começou a campanha de Luciano Huck à Presidência?

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Não é de hoje que se fala das pretensões políticas de Luciano Huck. O próprio apresentador já admitiu várias vezes que nunca descartou a hipótese de se candidatar a um cargo público.

Mas agora parece que é para valer. Os sinais estão no ar, e nem são dos mais sutis. Até Angélica declarou que não tem vontade de ser primeira-dama. Negações como esta são como a fumaça que confirma o fogo.

A onda atual começou no dia 30 de março, quando a Folha publicou uma entrevista com Huck em que ele dizia que é hora da minha geração ocupar os espaços de poder.

Na boca de outra pessoa, tal declaração soaria como um apelo à renovação da política brasileira. Na de Huck, saiu como a intenção de concorrer à Presidência em 2018.

Outros movimentos vieram em seguida. No dia 7 de abril, Huck deu uma palestra na Brazil Conference, um evento promovido por alunos brasileiros da Universidade de Harvard e do MIT, em Cambridge, nos Estados Unidos.

Falou quase como se estivesse em seu programa de TV: chegou a levar uma líder comunitária de Belo Horizonte, dona Vanilda, para apresentá-la como um exemplo a ser seguido.

E foi ovacionado pela plateia. Conseguiu ofuscar um elenco de convidados que incluía Sergio Moro, Marina Silva, Fernando Haddad, Armínio Fraga, Gilberto Gil, Wagner Moura e Dilma Rousseff, entre dezenas de políticos, jornalistas, ativistas e celebridades.

A ex-presidente, provavelmente impressionada com a repercussão de Huck, chegou a criticá-lo abertamente: As pessoas confundem auditório de um show de mídia com a solução dos problemas sociais. (...) Vá resolver o problema de 56 milhões de pessoas pra ver se é assim, com essa facilidade.

No dia 19 de abril, numa cerimônia em comemoração do Dia do Exército, em Brasília, o apresentador foi um dos condecorados com a medalha de Honra do Mérito Militar, por serviços relevantes prestados à nação brasileira.

TEMER / MORO / DIA DO EXERCITO / LAVA JATO
Luciano Huck na cerimônia em Brasília em que recebeu a Ordem do Mérito Militar - Pedro Ladeira/Folhapress

As críticas não demoraram nas redes sociais e nas seções de cartas dos jornais: que serviços foram esses? Mas o mais interessante foi perceber que a caserna nutre simpatia por Luciano Huck. Não que os militares tenham o poder de determinar o próximo presidente, mas o apoio deles não fará mal. Ainda mais neste momento de maré conservadora.

É justamente esta maré que pode beneficiar Huck, que nunca escondeu sua simpatia pela centro-direita. Amigo pessoal de FHC e de Aécio Neves, ele pode tirar vantagem do estrago que a Lava Jato está fazendo na imagem deles e de outros tucanos graúdos, ocupando o vácuo que se abre no PSDB.

Huck também tem fogo amigo pela frente, como a possível candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ou o fortalecimento de outros nomes com um pé no showbiz, como Roberto Justus.

Mas talvez seu pior adversário seja ele mesmo. A impressionante coleção de gafes amontoada pelo apresentador ao longo dos anos passa a sensação de que ele é mesmo um coxinha desconectado da realidade.

De qualquer forma, Huck está com apenas 45 anos. Se não se candidatar no ano que vem, ainda tem muito tempo pela frente. É bom nos acostumarmos, porque esta ideia não tem nada de loucura, loucura, loucura.





Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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