Tony Goes

Comportados e pouco diversos, os VMAs 2016 refletiram a atual desimportância da MTV

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Faltou Madonna beijando Britney Spears na boca. Faltou Kanye West arrancando o troféu das mãos de Taylor Swift para dedicá-lo a Beyoncé. Faltou aquele momento escandaloso que faz com que a entrega do Video Music Awards transcenda a telinha da MTV e entre para a história da cultura pop.

Ok, nem todo ano produz um momento desses. Mas o mínimo que se espera dessa premiação é que apresente números de cair o queixo. Os dez desta edição —treze, se contarmos as do pré-show— exibida pela MTV no domingo (28), foram todos bons. Nenhum foi épico.

Não que faltasse produção. Beyoncé, por exemplo, ocupou um bloco inteiro com um medley de cinco faixas de seu aclamado álbum "Lemonade". Apoiada pelo que pareciam ser centenas de bailarinas, a diva trocou de figurino sem sair de cena e sem deixar a peteca cair.

Ainda levou sete prêmios para casa: melhor vídeo do ano, melhor direção, melhor edição, melhor fotografia, melhor coreografia (os cinco por "Formation"), melhor vídeo feminino (por "Hold Up") e o de uma nova categoria, melhor vídeo em formato longo (pelo conjunto de clipes que ilustram todas as músicas de "Lemonade").

Oficialmente, Rihanna foi a grande homenageada da noite. Nenhum de seus vídeos recentes foi agraciado, mas a cantora nascida em Barbados recebeu o prêmio Michael Jackson Video Vanguard pelo conjunto da obra. E ainda protagonizou quatro números diferentes, mesclando sucessos antigos e atuais. Sensacional, mas parecido com tudo o que ela já fez antes.

Talvez esta tenha sido a tônica dos VMAs de 2016: pouca novidade e pouca diversidade musical. Onde estava o rock? Onde estava o soul? Onde estavam, por Deus, babas como Coldplay e afins? O que se viu no palco do Madison Square Garden, em Nova York, foi basicamente um único estilo: o pop americano moderno, com arranjos eletrônicos e forte influência do hip-hop.

Nenhum artista britânico deu o ar da graça —nem Adele, que estava indicada para alguns prêmios. Nenhuma homenagem foi feita a Bowie ou Prince, os dois astros fundamentais mortos este ano (mas o primeiro ainda ganhou um prêmio pela direção de arte de "Blackstar", seu derradeiro clipe).

No universo dos VMAs, parece que ninguém é mais importante do que Kanye West. E ele não só fez um discurso chocho como sequer cantou no palco. Preferiu apresentar o clipe para "Fade", onde tampouco aparece.

Tudo isso permeado pelos influenciadores das redes sociais Lizard Sheeple e The Shamester —na verdade, a dupla de comediantes Keegan-Michael Key e Jordan Peele. Os dois personagens lançaram seus perfis no Twitter durante a cerimônia, mas suas piadas dividiram os internautas dos EUA.

A triste verdade é que a MTV não tem mais a importância que teve até meados da década passada. Várias de suas filiais fecharam pelo mundo, e sua influência foi suplantada pela internet. E não é com uma entrega dos VMAs como a deste ano —correta, nada além disso— que a emissora irá recuperar o prestígio perdido.

Outros prêmios:

Melhor vídeo masculino: "This is What You Came For", Calvin Harris feat. Rihanna

Melhor vídeo de hip-hop: "Hotline Bling", Drake

Melhor colaboração: "Work form Home", Fifth Harmony feat. Ty Dolla $ign

Melhores efeitos visuais: "Up and Up", Coldplay

Revelação do ano: DNCE

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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