Pela 1ª vez na história, Emmy não cometeu grandes injustiças
O Emmy é o Oscar da televisão americana. Só que não: seus eleitores têm a incômoda tendência de escolher os mesmos nomes todo ano, o que acabou dando uma certa irrelevância ao prêmio. E isto numa época em que, segundo quase todos os críticos, a TV nunca esteve tão boa.
Foi pensando nisso que a Academia da Televisão dos EUA resolveu aumentar o número de associados com direito a voto. E o resultado pôde ser conferido na cerimônia deste domingo (20): pela primeira vez em sua longa história, o Emmy premiou quase todo o mundo que realmente merecia ganhar.
'Game of Thrones' vence e evita recorde de 'Mad Men' no Emmy
Claro que alguns troféus ainda parecem ter sido decididos em piloto automático. Uzo Aduba como melhor atriz coadjuvante de drama, por exemplo. Por que só ela é lembrada do ótimo elenco de "Orange is the New Black"?
Ou Allison Janey, atriz coadjuvante de comédia por "Mom". É uma atriz fantástica, mas já havia ganho o mesmo prêmio pelo mesmo papel no ano passado —e o seu páreo era o mais competitivo da noite, com nada menos do que oito excelentes indicadas.
Mas a justiça foi feita em outras categorias. Que alívio ver Jon Hamm finalmente vencer como melhor ator de drama por "Mad Men", sua última chance como o icônico Don Draper. Ou a sensacional Viola Davis ganhar como atriz dramática pela série policial "How to Get Away with Murder". O discurso de Viola, em prol de mais oportunidades para atrizes negras, foi o mais importante da noite.
No mais, foi um triunfo para a HBO. O canal pago levou os láureos principais nas categorias mais peso-pesadas: drama para "Game of Thrones", comédia para "Veep" e minissérie para "Olive Kitteridge". Todas também faturaram muitos outros prêmios para seus elencos e equipes, e ainda quebraram o favoritismo de vencedores passados, como "Mad Men" ou "Modern Family".
O caso de "Game of Thrones" é peculiar. Trata-se do programa de TV mais popular do mundo, e também o de produção mais cara e complicada. Todo ano era indicado, mas só agora, em sua quinta temporada (de longe a mais polêmica), conseguiu chegar lá.
E chegou com tudo: com 12 troféus diferentes, "GoT" bateu com folga o recorde de prêmios numa única noite, que antes pertencia a "The West Wing" (nove Emmys em 2000).
E o show em si, como foi? Ágil e engraçado, mais nada. O comediante Andy Samberg (da série "Brooklyn Nine-Nine") estava afiado, com piadas certeiras porém avessas às controvérsias de outros anos.
A ausência de números musicais (apesar da presença de Lady Gaga, que foi entregar um prêmio e promover sua participação em "American Horror Story") também contribuiu para uma cerimônia enxuta, embora não das mais memoráveis.
Mas o que realmente importa, a premiação em si, foi de fato histórica. Os Emmys finalmente parecem ter despertado para a diversidade da produção americana atual.
Num mundo em que os hábitos de consumo de TV estão mudando tão radicalmente quanto o protagonista transexual de "Transparent" (a série da Amazon que ganhou melhor ator e melhor diretora, ambos em comédia), isto não é pouco, não.
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