Nova série de Falabella gera polêmica na internet antes mesmo da estreia
O primeiro episódio de "Sexo e as Negas" (Globo) só será exibido no próximo dia 16. Mas, desde que foi anunciado, o novo seriado de humor de Miguel Falabella vem causando celeuma. Por duas razões: sexo e as negas.
A combinação dessas palavras no mesmo título se mostrou explosiva. O Geledés —Instituto da Mulher Negra, um das mais ativas entidades de combate ao racismo, publicou há mais de um mês em seu site um texto atacando o programa. A matéria repercutiu e logo surgiram páginas no Facebook pregando o boicote à série, além de uma campanha utilizando o hashtag" #SexoeasNegasNãoMeRepresenta.
É compreensível. O Brasil demorou a vencer o mito de que não é um país racista, e finalmente estamos encarando de frente o preconceito racial. Nesse contexto, a objetificação do corpo da mulher negra —presente na nossa cultura desde os tempos da escravidão— virou crime hediondo, e não sem razão. "Quer dizer então que as negas só servem para o sexo?", perguntam na internet. Não é uma preocupação infundada.
As críticas não param por aí. Tem gente reclamando do espaço exíguo que os negros ainda ocupam na dramaturgia brasileira, também com razão. Mas então, uma sitcom com quatro protagonistas negras não iria de encontro a essa demanda? Não, porque ela não seria representativa de todos os negros, respondem alguns. Como se isto fosse possível...
"Sexo e as Negas" também está sendo bombardeada por ter uma personagem racista (desde quando um personagem assassino também faz de seu autor um criminoso?), e por ser escrita por um homem branco. Alguns comentaristas são tão exaltados que parecem confundir Miguel Falabella com Caco Antibes.
Depois de rir dessa confusão toda, o autor foi a uma rede social explicar de onde veio a ideia para a série. A gênese de "Sexo e as Negas" aconteceu numa feijoada na casa da camareira de Falabella, amiga dele há muitos anos, na comunidade carioca de Cordovil.
Impressionado com a produção e a atitude de algumas das convidadas do almoço, ele achou que havia ali um universo interessante a ser retratado. Povoado por mulheres independentes, donas de seus narizes e de suas bundas. O próprio nome do programa foi sugerido por uma delas.
Falabella também tem razão ao reclamar da caretice de seus juízes virtuais, que veem o sexo como um pecado a ser evitado. E ainda mais quando pede para que as pessoas primeiro vejam o seriado, para depois se queixarem.
Concordo com ele. Desmerecer e descartar alguma coisa antes mesmo de conhecê-la é a definição exata de preconceito.
Em tempo: sou funcionário da Globo, mas não fui instruído pela emissora a defendê-la. Não conheço Miguel Falabella pessoalmente, e de "Sexo e as Negas" só vi as chamadas que estão no ar. Agora, claro, estou ainda mais curioso para ver o programa.
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