Tony Goes

Estratégia de marketing de Kamyla Simioni pode dar errado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O "Domingo Espetacular" deste domingo (18) dedicou nada menos que 24 minutos para um assunto extraordinariamente desimportante: a reação de Scheila Carvalho à traição cometida por seu marido Tony Salles, revelada ao público enquanto a ex-bailaria do É o Tchan participava de "A Fazenda 6".

Não é a vida pessoal da moça que me interessa. Nem o "reality show" da Record, já coberto à exaustão pela mídia especializada (inclusive pelo "F5"). O assunto desta coluna é Kamyla Simioni, a autoproclamada empresária que publicou na internet as fotos que provocaram o escândalo.

Vivemos uma época em que cada vez mais candidatos ao estrelato não sentem a necessidade de exibir qualquer vestígio de talento em seus currículos. Desde que começaram os "reality shows", ninguém precisa ser bom em nada para ficar rico e famoso. Basta ser bonito, simpático, carismático.

Claro que a beleza sempre foi, se não indispensável, um fator crucial para qualquer carreira artística. E claro que sempre houve celebridades que "chegaram lá" graças apenas à formosura de seus rostos e corpos, sem precisar cantar, dançar ou atuar.

Acontece que a beleza não é tão rara assim. Há muita gente bonita neste mundo --muito mais do que gente com algum tipo de talento. O que fazer, então, para se destacar da manada? Como atrair os holofotes para si mesmo, quando a concorrência é tão acirrada?

A busca por esse diferencial gerou, entre outros fenômenos, a enxurrada de mulheres-frutas no Brasil. Antes disso, inspirado pelo sucesso da saudosa Tiazinha, tivemos um tsunami de gostosonas mascaradas.

Todo um aparato se ergueu ao redor desse lumpen-showbiz, povoado por "promoters" de concursos bizarros e assessores de imprensa sem noção (ainda não me recuperei do "release" onde a Mulher-Maçã lamentava a morte de Steve Jobs).


E quando a gente acha que não falta mais nada, quando até fazer filme pornô é uma tática válida para ganhar mídia, eis que surge Kamyla Simioni. A moça esperou sua rival estar confinada na "Fazenda", sem contato com o mundo exterior, para escancarar as fotos de seu caso com Tony Salles, ocorrido muitos meses antes (e, segundo ela, ao longo de seis anos).

Scheila Carvalho reagiu com dignidade ao circo que a esperava quando saiu do "reality". A Record, apesar de dizer que respeita a privacidade da bailarina, está ordenhando ao máximo o "imbróglio", na tentativa de alavancar a própria audiência. Pode dar resultado imediato, mas não pega bem para a imagem da emissora a longo prazo.

Agora, feio mesmo é o papel a que Kamyla Simioni está se prestando. Se era vingança, não deu muito certo: Scheila contou que já sabia da traição do marido antes de entrar no programa, e que até já o tinha perdoado.

Se era estratégia de marketing para conquistar uns minutinhos de fama (e parece que é, dada a desenvoltura com que Kamyla posa para os fotógrafos), também está dando errado. Nem a revista "Sexy" a quer em suas páginas. Talvez seja a hora de contratar um assessor. Mas, de preferência, um que saiba ler e escrever.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias