Tony Goes

Ricardo Macchi cansou de rir de si mesmo

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Pense em Ricardo Macchi. Pensou no cigano Igor, não foi?

O cara realmente ficou marcado por um único papel. Até aí, nada de mais.

Ninguém gosta de ser rotulado pelo 1º trabalho, diz Ricardo Macchi após polêmica

Apesar de ter interpretado outros personagens, Charles Chaplin será sempre associado ao vagabundo que fazia na época do cinema mudo. Jennifer Aniston será sempre a Rachel de "Friends". E Regina Casé será Regina Casé, por toda a eternidade.

O problema é que o nome de Macchi virou sinônimo de mau ator. Tudo por causa de seu desempenho sofrível como o tal cigano na novela "Explode Coração", escrita por Glória Perez e exibida pela Globo em 1995.

Ele era um ator inexperiente, e, segundo conta, não teve nenhum preparo especial antes de enfrentar as câmeras. Sua inexpressividade em cena fez minguar o personagem, que foi tendo cada vez menos falas.

Ainda ficou alguns anos na emissora, (mal) aproveitado em participações especiais aqui e ali. Depois esteve na "Casa dos Artistas", no SBT, e fez novelas na Record. Mas nada, absolutamente nada de memorável. Todo mundo só se lembra do cigano Igor.

Ano passado parecia que Macchi havia resolvido se divertir com essa fama e --por que não?-- ganhar um dinheirinho com ela. Estrelou um comercial de automóvel ao lado de ninguém menos que Dustin Hoffman, um dos atores mais premiados de todos os tempos.

Seu papel? O do canastrão, evidentemente. Ele e Hoffman diziam a mesma fala para a câmera, como se estivessem fazendo teste para o mesmo personagem. A performance de eterno cigano era propositalmente horrível.

O comercial fez sucesso, e Macchi foi elogiado pelo espírito esportivo. Nada como saber rir de si mesmo, não é?

Aproveitando a súbita volta da notoriedade, ele ainda reviveu seu avatar num dos últimos episódios de "A Turma do Didi", exibido no final de 2012.


Mas Macchi ainda não está calejado. As feridas ainda estão abertas, e doem --pelo menos quando não há nenhum cachê envolvido.

Foi o que deu para perceber nos últimos dias, depois que ele reclamou publicamente (em uma loooonga carta aberta publicada em seu perfil no Facebook) de uma fala prevista para a novela "Sangue Bom".

Madá, interpretada por Fafy Siqueira, iria criticar sua filha, a atriz Bárbara Ellen (Giulia Gam): "Você não foi capaz nem de fazer par com o cigano Igor"!

Os autores Maria Adelaide do Amaral e Vincent Villari se comoveram com o desabafo de Macchi, e limaram a fala do texto. Final feliz?

Não sei. Se o ator tivesse ficado quieto, a piada talvez passasse batido, em meio a tantas outras que são ditas na novela. Sem dúvida, não teria a repercussão que teve, com tantas notinhas nos sites de entretenimento.

Por outro lado, Ricardo Macchi está novamente em evidência. Ele tem aproveitado para dar entrevistas e mandar recados: sim, voltaria para a Globo. Sim, faria novamente um protagonista (ele e a torcida da seleção brasileira).

Só que, mais uma vez, seu retorno aos holofotes está ligado ao cigano Igor.

E não, dessa vez não podemos dizer que ele levou na esportiva.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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