Tony Goes

"Sangue Bom" só inova ao escalar jovens como protagonistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A renovação na Globo sempre acontece aos poucos, que é para não assustar o telespectador. Depois de dois passos para a frente costuma vir um para trás.

Foi assim com as duas últimas novelas das 19 horas. "Cheias de Charme" marcou a estreia de uma dupla de autores, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, e inovou ao usar a internet como linha auxiliar da TV.

Já sua sucessora "Guerra dos Sexos" foi o remake de um texto de um veterano da casa, Silvio de Abreu. Uma aposta conservadora, que no entanto não teve grande repercussão.

Nesta segunda-feira (29) estreou a nova trama do horário, "Sangue Bom". Os autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari são experientes e a história não promete maiores ousadias.

A novidade está na escalação do elenco. Nomes consagrados como Malu Mader ou Giulia Gam ganharam bons papéis, mas tangentes ao núcleo principal. Este foi inteiramente ocupado por seis caras relativamente novas.

Marco Pigossi, Sophie Charlotte, Jayme Matarazzo, Isabelle Drummond, Humberto Carrão e Fernanda Vasconcellos: nenhum deles é novato na Globo, e alguns até tiveram personagens de destaque em produções recentes. Mas vê-los todos como os primeiros nomes nos créditos de abertura é sinal de que a casa está realmente investindo na renovação.


Aliás, são tantos jovens no elenco de "Sangue Bom" que muita gente teve a sensação de que "Malhação" havia trocado de horário.

Depois de assistir aos primeiros capítulos, eu diria que essa impressão é justificada. A eterna novelinha vespertina, a bem da verdade, discute temas até mais sérios do que "Sangue Bom" mostrou até agora.

Por enquanto só vimos que cada um dos seis jovens gosta de outro e não é correspondido, além de alguns momentos engraçados protagonizados por Giulia Gam e Marisa Orth. Ambas estão à vontade em seus papéis de peruas histéricas. Menos convincente está Malu Mader, como uma garçonete da zona norte paulistana.

Maria Adelaide Amaral vem do remake de "Ti Ti Ti", o mais bem-sucedido título "clássico" que a Globo refez nos últimos anos. A antiga novela de Cassiano Gabus Mendes foi modernizada, sem perder o sabor original.

Por isto, tenho a esperança de que "Sangue Bom" vá se tornar mais densa e consequente do que se mostrou nesta primeira semana. Por enquanto, apesar da edição acelerada e de alguns diálogos ferinos, o que se viu está mais para "Sangue Ralo".

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias