Tony Goes

"A Grande Família" poderia ficar no ar para sempre

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Começo de temporada é sempre uma encrenca. A série precisa voltar com um episódio de impacto, mas também tem que mostrar que sua dinâmica continua a mesma. A coisa fica ainda mais complicada quando já se está há 12 anos no ar.

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"A Grande Família" retornou nesta quinta-feira (4) à programação da Globo ampliando o próprio recorde. Já era, de longe, a "sitcom" brasileira de maior longevidade: agora inicia a 13ª temporada da segunda encarnação do programa [a primeira durou três anos, na década de 70].

E o que se viu foi um dos melhores episódios de todos os tempos. "Cozido se Come Brigando" --assinado por nada menos que sete roteiristas-- serviu tanto para lançar um novo conflito como para recordar a longa jornada do programa.

Foi muito melhor que a estreia da temporada de 2012, em que Lineu (Marco Nanini) passou quatro anos em coma para a história dar um salto no tempo. Quando acordou, o patriarca da família viu que sua mulher Nenê (Marieta Severo) estava prestes a ceder aos avanços de seu médico: mas será que algum espectador achou que isto realmente aconteceria?


Desta vez o problema é muito mais orgânico e com mais potencial para gargalhadas. Nenê e Lineu resolvem doar em vida a casa em que moram para os filhos Tuco (Lúcio Mauro Filho) e Bebel (Guta Stresser).

O rapaz vende sua parte para a irmã, que se instala no ninho paterno com marido, filho, armas e bagagens. Uma alusão proposital aos primórdios do seriado, quando todos viviam debaixo do mesmo teto.

E também a deixa para vários momentos de "flashback", onde os atores aparecem mais jovens e as imagens com menos qualidade que as de hoje. Passou a sensação docemente amarga de que o tempo voa, mas é para a frente que ele vai.

Outra novidade é a profusão de falas engraçadas: aquilo que os americanos chamam de "one liners", em que cada frase é uma piada. Isto nunca foi uma característica muito forte dos seriados humorísticos brasileiros, que procuram a graça mais na situação do que nos diálogos. "A Grande Família" está conseguindo encontrá-la das duas maneiras.

Comenta-se que esta seria a última temporada do programa. É natural que haja um certo desgaste depois de tantos anos. Além disso, são frequentes as notícias de picuinhas entre o elenco. Mas a estreia desta quinta-feira (4) mostrou que há fôlego para muito mais.

Ano passado eu disse que "A Grande Família" era o equivalente brasileiro dos "Simpsons". Mas o tempo não passa para a família do desenho animado americano: lá, continuam todos com as mesmas idades que tinham em 1990.

O mesmo não acontece com a nossa "Família". O vovô Floriano já morreu; seu neto Florianinho cresce diante dos nossos olhos. Se houver interesse do público e da emissora, "A Grande Família" pode transformar o tempo em seu aliado e permanecer indefinidamente no ar, com gerações se sucedendo naquela casa da zona norte carioca. Assunto é o que não falta.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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