Thiago Stivaletti

Como toda boa vilã, Cora é uma caixinha de surpresas

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Eu já tinha comentado aqui que Agnaldo Silva tinha três grandes atrizes-trunfo pra carregar numa boa os oito meses de "Império": Lília Cabral, Zezé Polessa e Drica Moraes.

A primeira, a rica e arrogante Maria Marta, mulher eterna do Comendador, anda perdendo fôlego nas últimas semanas —sua ranhetice pra cima dos filhos e do marido já anda em círculos; a segunda (a suburbana parasita Magnólia) já teve dias mais engraçados e anda meio deixada de lado.

É a hora e a vez de Cora, tia mesquinha e beata, uma herdeira distante da hipocrisia religiosa da Perpétua de "Tieta" 25 anos atrás. O melhor é que as cenas de Cora não se restringem aos diálogos. Tem sempre um silêncio antes e outro depois. Ela dando uma risada demoníaca, olhando de lado, se esgueirando atrás da porta.

E como toda boa vilã, Cora é uma caixinha de surpresas. Outro dia, o Jairo, o capanga que ela contratou pra recuperar os quatro pedaços do diamante rosa, quis finalmente cobrar a virgindade que ela tinha prometido em troca do "favor". Se pôs pelado na frente dela. O que Cora fez? Gritou "socorro"? Não, deu um miado estranhíssimo, coisa de mulher infantilizada, ou psicopata, ou os dois. Sem contar no tão esperado beijo no Comendador, sua paixão oculta desde a juventude, que foi seguido de um... desmaio. Normal —foram anos de espera.

E pensar que a outra grande vilã de Drica não foi nem na Globo, mas na Manchete, com a Violante de "Xica da Silva", infernizando a escrava-rainha vivida pela ainda estreante Taís Araújo, em 1996.

PS: Cora anda roubando a cena, mas eu continuo encantado também com o grande retorno de Suzy Rêgo. A mulher amorosa e resignada de Claudio (Zé Mayer), pai de família que na meia-idade assume o amor por um rapaz, é um prato cheio. Pra mim, Suzy vai ser sempre Carla, a modelo número 2 que nunca conseguia roubar o lugar da Malu Mader em "Top Model". Agora, a top número 2 voltou ao auge.


A crise das 7

A Globo não precisa só buscar novos autores pras novelas das 7. Precisa repensar o formato. "Alto Astral" não chega a ser ruim, mas é mais do mesmo: um excesso de atores "Malhação", situações já vistas mil vezes, Cláudia Raia tentando —sem conseguir— carregar a novela nas costas.

Se a gente pega as últimas novelas do horário nos últimos seis anos, dá pra salvar talvez só "Cheias de Charme", a novela das empreguetes. Veja as outras: "Três Irmãs", "Caras & Bocas", "Tempos Modernos", "Ti Ti Ti" (remake), "Morde & Assopra", "Aquele Beijo", "Guerra dos Sexos" (remake), "Sangue Bom", "Além do Horizonte" e "Geração Brasil". Alguma delas ficou na memória?


Deu a louca na figurinista

O que está acontecendo com os figurinos dos jurados do "The Voice Brasil"? Claudia Leitte a gente já conhece pela cafonice permanente, mas o decote infinito da semana passada, que mostrava até o umbigo, passou de qualquer limite. Nesta semana, Carlinhos Brown virá com muito ouro. Daniel já usou até motivos de oncinha. É um surto sem fim. Se eles querem tirar totalmente a atenção dos candidatos, conseguiram.


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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