Renato Kramer

Salada Mista

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Zapeando pela TV aberta nesta noite de quinta-feira, defrontei-me com um panorama bastante diversificado. Variedade não chega a ser sinônimo de qualidade, é claro, mas havia bastante qualidade nos tão diferentes gêneros de programas que estavam no ar entre 22h e meia-noite, 1h.

Parti da TV Cultura, onde o "Roda Viva" resgatava um programa de 19 de março de 1990, com um vigoroso e carismático Fidel Castro dando uma entrevista estilo palestra. Falou sobre as bases da Revolução, sobre a sua admiração por Che Guevara e sobre a construção do socialismo. A História viva, dando a sua versão, é claro, de fatos que interferiram e interferem ainda hoje na vida de muita gente.

No canal mais próximo, o 'canal feliz' --apresentavam-se os últimos quadros de "A Praça É Nossa", sob o comando de Carlos Alberto. Propositadamente um humor popular, beirando o popularesco, o programa ressente-se de grandes comediantes que já brilharam em seu palco. São vários talentos que já se foram, só para citar alguns: a poderosa perua, cujo marido Oscar era "podre de rico" (Consuelo Leandro). A adorável "velha surda", realizada com perfeição pelo saudoso Rony Rios - que atormentava a vida do seu amiguinho Apolônio (Viana Jr.). Walter D'Ávila, sua irmã Emma D'Ávila, Maria Tereza - entre tantos outros - e, especialmente, a também poderosa e vitaminada 'bicha' Vera Verão (Jorge Lafond): "Êpaaaaaa, olha como você fala, seu coisinho! Bicha, não... eu sou quase uma Gisele Bündchen!". Grande Lafond.

Na Globo, alta tensão. "Hipertensão". Muita adrenalina nas alturas. Provas a não menos de trinta metros de altura. É muita vontade de passar medo! Recém tinha terminado o capítulo de "O Astro", que mostrou o assassinato de Valéria (Ellen Rocche) pelo convincente vilão Samir (Marco Ricca). Clima denso e tenso. Ritmo de cinema europeu. Interpretações contidas em muitos closes. Rosamaria Murtinho e Regina Duarte contracenam com domínio de seus personagens. A Tia Magda de Rosamaria Murtinho é visivelmente aquela tia frustrada que não se casou, mas que carrega o mundo nas costas por ter tido um caso com o marido de Clô. Regina Duarte, a Clô, longe da doçura e do encantamento que sempre transmitiu em mais de uma década de "Namoradinha do Brasil", faz a mulher amarga e histérica, sempre muito produzida, para esconder o grau profundo de sua infelicidade.

Na Record , onde até ontem víamos diuturnamente "A Fazenda", nos deparamos com o controverso e não menos carismático Dr. House. Alguns colegas médicos descobrem que ele está com sífilis e têm que informá-lo. Ele rejeita de início, mas o resultado do exame de sangue é indiscutível. Contrariadíssimo, aceita fazer o tratamento.

Na Rede TV, o ar de festa costumeiro toma conta da abertura do Programa Amaury Jr. Como primeira atração, o lançamento do livro da jornalista, e sua atual repórter, Maria Cândida. No saguão da Livraria Cultura de São Paulo, Maria Cândida lança "Mulheres Que Brilham" - histórias de cinqüenta mulheres de todas as partes do mundo, inclusive três brasileiras, cada uma com seu segredo e seu grande desafio.

Na TV Gazeta, o "Todo Seu", apresentado pelo "Príncipe da Jovem Guarda" Ronnie Von - sempre numa elegância impecável! No seu quadro "Visão Masculina" recebe os atores Jô Santana e Nilton Rodrigues, que estão voltando ao cartaz com o espetáculo "Pretas Porter" (Alberto Damid), com a supervisão de Roberto Lage. É a história de duas amigas professoras que se reencontram para dar aulas num cursinho pré-vestibular.

Na Band (TV Bandeirantes), Danilo Gentili entrevistava em seu "Agora É Tarde" o músico Marcelo Nova (da Banda Camisa de Vênus), que tornou-se parceiro de Raul Seixas. Juntos produziram o que acabou sendo o último álbum do 'maluco beleza': "A Panela Do Diabo".

Antes de desligar, uma rápida espiada de volta na Globo. Lá estava Jô Soares recebendo uma estrela do cinema espanhol: Marisa Paredes, que veio ao Brasil para lançar o filme do amigo e diretor Pedro Almodóvar: "La Piel Que Habito" (A Pele Que Habito), com Antonio Banderas.

Não se pode dizer que a programação da TV aberta estivesse propriamente um tédio, convenhamos.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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