Renato Kramer

'O amor é uma coisa complicadíssima', diz psicanalista Jorge Forbes

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"A união entre duas pessoas ainda é, em muitos lugares do mundo, baseada em convenções sociais e acertos econômicos", afirmou Astrid Fontenelle ao iniciar o papo sobre o amor no "Saia Justa" (GNT) do último domingo (13).

"Mas quando temos a escolha ainda queremos amar alguém, mesmo sem saber muito o porquê", completou a apresentadora. Em reportagem de rua, a produção quis saber porque nos relacionamos.

"Eu acho que as pessoas se relacionam por vários motivos", disse uma moça sem explicar quais. "Na minha opinião o correto é você se relacionar por causa do amor", disse um jovem rapaz. "Quando você começa a conviver com alguém por amor, chega uma hora que você tem outro tipo de relação, que não é só o amor", argumentou um homem que já está no terceiro casamento.

Um senhor de mais idade declarou: "Ao longo do tempo entram um monte de fatores: dinheiro, status social... Um monte de coisas. Você com 20 anos tem a doce ilusão, a utopia de que com amor dá pra viver numa cabana, só de amor. Mas não dá", conclui.

"Ninguém quer ficar sozinho. A gente nasceu pra ficar junto. Você pode ter sucesso profissional, viajar, ser independente, mas vai sempre faltar alguma coisa", afirmou uma mulher.

"Antigamente quando era tudo arranjado, o problema estava resolvido, não acha doutor?", desabafou Maria Ribeiro logo que voltou para o estúdio. O psicanalista Jorge Forbes foi o convidado especial para tratar do assunto com as meninas do "Saia Justa".

"Até muito recentemente os amores eram de certa forma arranjados. Quando uma pessoa diz assim: eu vou ficar com você por causa dos filhos, é um arranjo. Ou vou ficar com você por causa da herança, outro arranjo. Eu vou ficar com você porque eu prometi para o seu pai no leito de morte que eu cuidaria de você até o final da sua vida, é outro arranjo", exemplificou Forbes.

"No momento atual nós estamos frente a um novo tipo de amor: esse novo amor não responde a nenhum tipo de razão for a do vínculo. Se alguém hoje disser que está com você por tal outra razão, não é verdade. Porque muitas pessoas só conseguem estar juntas uma falando horrores pra outra todos os dias. Quando alguém lhe disser uma coisa dessas você pode dizer pra ele: eu também te amo!", sugere o psicanalista.

E acrescenta: "É difícil pras pessoas legitimarem o seu amor. O amor é uma coisa complicadíssima! Porque quando eu digo: eu amo você, eu nunca sei porque eu amo você", conclui Forbes. Barbara Gancia solta uma boa gargalhada, concordando. "Amor é um vínculo sem explicação. A tentativa de por em palavras o amor é sempre uma falência", confirma o psicanalista.

"A gente é vítima de um 'amor romântico'. Eu sofro a vida inteira", se coloca Mônica Martelli. "Ganha muito dinheiro com isso, inclusive!", observa Fontenelle. "É que o amor é feito pra bobo!", arremata Forbes deixando as meninas literalmente de "saia justa". "Então eu sou uma idiota completa!", conclui Martelli.

"O esperto não ama. Ele é um prevenido, não se arrisca. Mas claro que isso não é bom! Eu estou dizendo que não há como não ser bobo no amor. É necessário. E você vai ter uma desilusão amorosa e no dia seguinte você vai relançar isso. E a cada encontro que você tem, você vai ter sempre a impressão da singularidade absoluta daquele encontro. Lacan (psicanalista francês - 1901-1981) gostava muito de uma frase que diz: amo em ti mais do que tu".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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