Renato Kramer

'Me ver na televisão não é exatamente a melhor parte', diz Andréa Beltrão

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"Eu li que você não aguentava mais nem se ver, nem ouvir a própria voz", comentou a apresentadora Bianca Ramoneda com Andréa Beltrão, sua entrevistada do "Ofício em Cena" (Globonews) da última terça-feira (1º).

"Não. Já está difícil aqui!", confirmou Beltrão com bom humor. "Que senso crítico é esse que você está tendo em relação a si mesma?", quis saber Ramoneda.

"Eu fiquei oito anos e meio na "Grande Família" e depois emendei cinco anos no "Tapas & Beijos" (ambos na Globo). É como se eu tivesse feito quatorze novelas com dois meses de intervalo entre uma e outra. Então foi uma estiva de trabalho bastante grande", argumenta Andréa.

E acrescentou: "Mas não por isso, porque eu tenho ânimo e força de trabalho suficiente, mas o fato é que, apesar de me ver muito pouco na televisão, o meu prazer real do ofício é o fazer. Me ver não é exatamente a melhor parte", confessa Beltrão.

Flashes da série "Armação Ilimitada" (Globo, 1985-1988) foram mostrados no telão. A apresentadora questiona até que ponto a personagem de Andréa, a estagiária Zelda Scott, foi importante e influenciou na sua carreira.

"Nos anos 80 eu tinha um grupo de teatro chamado "Manhas e Manias". Então a Débora Bloch, que fazia parte do grupo, entrou pra televisão. Nessa época a gente tinha um preconceito terrível contra a televisão, era tipo "vendeu a alma pro diabo", "foi para a televisão, que horror, acabou a carreira!", relembra Beltrão.

"E a Deb não saiu do grupo, ao contrário, comprou um fusca azul, tava ótima, linda e a mesma pessoa. E a gente começou a estranhar que ela não tinha mudado, não tinha crescido chifre nem nada!", comenta a atriz com humor. "Até que eu me animei e fui fazer teste na TV: fiz um, fui reprovada. Fiz outro, reprovada! Até que no terceiro eu ganhei um papelzinho (Ângela) na novela "Corpo a Corpo" (Globo, 1984), com o Lauro Corona (1957-1989), maravilhoso! Ele me pegou pela mão e me ensinou muita coisa", conta.


E continuou: "E nessa novela, eu fiz um par com o Marcos Paulo (1951-2012). E eu via ele falando o tempo todo assim: 'poxa, eu tenho um projeto pra fazer, Armação Ilimitada, uma coisa jovem, com surfistas, e as atrizes que eu tô chamando não querem fazer porque é com surfista', e eu fiquei louca pra fazer mas não conseguia me oferecer. Até que foi, foi, foi e caiu no meu colo!", relata.

Resultado? "Os portais se abriram pra mim!", declara Beltrão. "Foi quando eu entrei pro mundo da televisão de verdade. Ali eu conheci através do Guel (Arraes, diretor), que estava trazendo uma linguagem totalmente nova, comecei a frequentar a edição, a sonorização, o texto era bastante ousado e diferente, foi a minha faculdade dentro da televisão", confessa a atriz.

Para compor seus personagens, Beltrão confidencia que imita muito outras atrizes. "Até tenho que voltar a fazer isso. Tinha uma época em que eu via muitos filmes para ficar imitando as atrizes", afirma.

E explica: "Eu via filme do (Jean-Luc) Godard e pegava tudo de uma atriz, imitava, imitava... Depois pegava filmes com Giulietta Masina (1921-1994) e imitava tudo dela. Aí fica ótimo porque eu jamais serei a Giulietta Masina, ela é inimitável! Então o máximo que eu conseguia fazer era pegar uma coisinha ou outra ali e mudar um pouco e já ficava direitinho, entendeu?", assume a atriz.

Para encerrar, Andréa Beltrão esclarece: "No set de gravação eu me sinto absolutamente protegida, eu tô entre os meus. Agora, fora dali, na rua, na vida real eu faço questão de ter um pequeno véu. Porque o fato de ser uma pessoa conhecida, ainda mais nos dias de hoje onde é tão comum que as pessoas confundam as coisas: tipo, você está conversando com seu filho e tem alguém sempre tirando uma foto sua. É muito chato! Eu me dou o direito de ser tímida".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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