Renato Kramer

'Interromperam especial de Natal para passar um flash meu de Moscou', conta Pedro Bial

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O "Calada Noite" (GNT) da última sexta-feira (29) trouxe a reprise do episódio de abertura da sua segunda temporada, com o jornalista e apresentador Pedro Bial contando como se tornou um notívago.

"Meu pai é um dos fundadores do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Então ele fez amizade com essa turma toda do teatro e fazia programas com eles. Tinham dois tipos de 'noitadas': em casa, recebendo as pessoas com aquelas conversas fascinantes, e também tinhas as que meu pai me levava para rodar os teatros, para ver como é que estava a venda dos programas, o borderô de cada teatro. Às vezes ele me deixava vendo um espetáculo que eu gostasse mais, enquanto ele ficava fazendo a ronda. Então eu vi "Hello, Dolly" com a Bibi Ferreira umas 25 vezes!", relembra Bial.

O apresentador conta que nessa mesma idade (10, 11 anos), tinha o Cazuza (1958-1990) como seu melhor amigo. E que na casa dele também havia reuniões com músicos, artistas. "Tanto que foi a partir do João Araújo (pai de Cazuza) que eu fiz a minha primeira entrevista: fomos Cazuza e eu entrevistar o compositor e cantor Vinicius de Moraes (1913-1980)", relata o apresentador.

"A gente (Cazuza e eu) já levou muito ovo de janela de prédio por estar cantando blues de madrugada", confidencia Bial.

O pai de Pedro Bial morreu em 1972, quando o jornalista tinha 14 anos. "Teve uma coisa estranha, porque por vezes ele dormia ao meu lado. E depois que ele morreu, eu continuava a ouvir a sua respiração", diz Bial.

"Parece que agora você anda acordando na madrugada?", comentou a apresentadora Sarah Oliveira. "Essa noite mesmo, acordei eram 3h30. Daí fui passar e-mails pro sogro (o escritor Mário Prata), que é uma maravilha!", declara o jornalista.

Uma intervenção noturna em especial marcou muito a carreira de Pedro Bial como correspondente internacional. "Interrompeu-se o Especial de Natal de Roberto Carlos para entrar um flash meu de Moscou, na frente do Kremlin com a bandeira da União Soviética descendo o mastro pela última vez. A União Soviética estava acabando naquele dia".

Outra passagem inesquecível foi a noite da unificação alemã. "Eram 20h30 aqui, quase meia noite e meia lá, ai Cid Moreira e Sérgio Chapelin me chamaram. Era uma das noites mais lindas do mundo, milhões de pessoas nas ruas de Berlim, o Portão de Brandemburgo, aquela festa, foi incrível!", revive Bial.

Como repórter de guerra, Bial se apegava aos sonhos. "Eu tinha dois sonhos muito intensos: um que eu estava invisível –e isso era bom, porque além de não ser alvejado eu podia chegar perto para ouvir o que eles estavam falando sem ser percebido. O outro sonho era que tinha acabado a comida e tava todo o mundo comendo carne humana. Sonho horrível!", assume o apresentador do "Big Brother Brasil" (Globo).

Pedro fala da sua grande admiração pela obra de Guimarães Rosa. O jornalista dirigiu o longa "Outras Estórias" e o documentário "Os Nomes do Rosa" –ambos inspirados na obra do autor. "É o seguinte: já mergulhei nesse universo, de vez em quando dou uma nadadinha de novo, mas é de dar medo", confessa o escritor. "A grandeza do Guimarães Rosa é de dar medo!", conclui.

E Pedro Bial encerra com versos de Rosa: "Como é que se pode gostar do verdadeiro e do falso? Amizade com ilusão de desilusão, vida muito esponjosa. Eu passava fácil, mas tinha sonhos que me afadigavam. Nos de que a gente acorda devagar...o amor? Pássaros que põem ovos de ferro". "É isso!", arremata Bial.

"Pedro, finalizamos com um sonho. Que você continue esse sonhador!", desejou-lhe Sarah Oliveira. "Ah, mas isso aí é a especialidade da casa!", retrucou Pedro Bial bem-humorado.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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