Renato Kramer

Elza Soares relembra encontro desastroso com Louis Armstrong

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"A Mulher do Fim do Mundo" é o título do CD que levou a cantora Elza Soares ao "Programa do Jô" (Globo) nesta sexta-feira (2).

"Esse foi um presente que os compositores de São Paulo fizeram para mim, e eu estou em alfa", declarou a cantora, "Uma maravilha! Depois de tantos anos de carreira [50], eu posso lançar um CD só com canções inéditas."

Elza, que se recupera de uma cirurgia, afirma que a garganta está boa, que só mexeu na coluna e "o resto está tudo no mesmo lugar".

Sobre uma tatuagem que fez em homenagem ao compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), ela conta que foi para reparar uma gafe que cometera com o próprio.

Ainda mocinha, mas já viúva, cantava na boate carioca Texas Bar quando percebeu um homem de terno branco com um ramalhete de rosas nos braços. "Ele me olhava muito, com aquele olho de 'pidão', sabe? Aquele olho de 'quero, quero, quer me dar?'", conta a cantora.


Lupicínio foi até Elza entregar-lhe as flores, dizendo: "Trago essas rosas para outra rosa!". A cantora recusou ostensivamente: "Olha, o senhor se enganou. Não me chamo Rosa, detesto rosas!". E o compositor revidou: "Mas o sucesso que você está fazendo fui eu que dei para você".

"O senhor é quem?", perguntou Elza, atônita. "Sou Lupicínio Rodrigues". Ela: "Seu Lupicínio, adoro rosas!", e pegou o buquê. "Mas eu já tinha feito a cagada toda", arrematou a cantora. Foi por isso que a cantora resolveu tatuar as rosas de Lupicínio em seu corpo.

A cantora se casou pela primeira vez aos 12 anos de idade e ficou viúva aos 18, por isso conta que andava assustada com os eventuais assédios. Quanto ao seu posterior relacionamento com o talentoso jogador de futebol Garrincha, havia boatos de que ela estaria interessada no dinheiro dele —o que não procedia, pois na época Elza ganhava mais do que ele.

A cantora relembra também seu desastroso encontro com o famoso músico Louis Armstrong (1901-1971). Ao ouvir a sua característica voz rouquenha, Elza soltou, sem saber de quem se tratava: "Ih, ele me imita! Eu é que faço isso".

Armstrong, sem entender o português, só sorriu e lhe disse: "My daughter ["minha filha]". "Ih, está me chamando de doutora, por quê?", retrucou Elza. Até que um intérprete veio lhe explicar a situação e pediu que ela se dirigisse a ele como "My father ["meu pai"]". "Ah, não! não vou fazer nada disso com ele, não. Que história é essa de 'me fode'?", respondeu.

A cantora se apresenta neste sábado (3) e domingo (4) no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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