Renato Kramer

'Sou um homem de menos de R$ 150 milhões', diz Guilherme Fontes sobre polêmica de 'Chatô'

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O ator Guilherme Fontes esteve no "Programa Amaury Jr." (RedeTV!) nesta terça-feira (18) para falar do seu filme "Chatô, o Rei do Brasil", que deverá estrear em outubro próximo, após 20 anos de embargos.

"É verdade que você terminou de ler o livro 'Chatô', do Fernando Morais, e coincidentemente o encontrou numa churrascaria?", perguntou Amaury. "Foi um dia incrível na minha vida", respondeu Fontes. E narrou o episódio.

"Eu estava numa fase difícil, me separando, com dor de cotovelo, não estava bem. Comprei o livro e comecei a ler e fiquei muito fascinado por aquilo, impressionado com aquele homem: aonde ele tinha chegado, o que ele tinha feito e como ele tinha feito", explicou.

E acrescentou: "Impressionado com quem era esse homem, a alma desse desbravador do Brasil. Aí eu fui para um restaurante com amigos e vejo o Fernando Morais lá e pensei: 'O que é que eu vou fazer? E agora?' Eu preciso falar com ele. Aí deu dois minutos, ele me cutucou por trás. Eu tomei um susto e disse: 'Nossa, eu sou seu fã!", e desatou a falar do livro.

Em seguida, o ator teve uma espécie de 'insight': "Eu falei: 'Esse é o livro com o qual eu vou começar a minha pequena fábrica de cinema, minha pequena máquina de produzir conteúdo, seja para a TV a cabo, para a internet...'. Eu estava muito à frente, pensando já no que viria cinco anos depois", declarou o diretor.

"Está em 80 milhões essa brincadeira?", cutuca Amaury. "Eu digo que sou um homem de menos de 150 milhões de reais", desconversou Fontes, que produziu e dirigiu o filme. O apresentador quis saber quais foram as circunstâncias que envolveram esse trabalho com tanta polêmica.


"É muito difícil resumir em poucas palavras, mas basicamente foi o seguinte: todas as contas foram prestadas lá atrás. Naquela época, em 1999, estava parecido com o que a [presidente] Dilma está vivendo agora: o [então presidente] Fernando Henrique estava no cadafalso. O dólar tinha quebrado, etc... Nós éramos o único filme de fato rodando naquele momento", relatou.

E tentou esclarecer ainda mais: "Isso causou muita comoção, muito ciúme. Nós já vínhamos causando ciúmes por causa da captação: eu estava captando muito dinheiro, muito rápido. Nunca tinha feito um filme, tinha montado uma parceria internacional com um dos maiores cineastas do mundo [Francis Ford Coppola], isso também causou um constrangimento, e é isso. Foi uma frustração generalizada que jogaram nas minhas costas", concluiu.

"Eu estou falando com liberdade com você sobre tudo isso porque eu tenho certeza da tua razão, até já falei com o Fernando Morais sobre isso", observou Amaury. "Claro, eu fui usado como bode expiatório, como se diz: 'boi de piranha'. Imagina naquela época, a primeira prestação de contas ser a minha! Só rindo, né? Eu acabando de começar no setor, a minha prestação de contas foi a primeira", Guilherme chama a atenção para a ironia do fato.

"Só que para surpresa deles na época, as contas estavam em ordem. Então, toda a acusação era leviana, infundada", garante. "Teve inveja aí no meio?", quis saber o apresentador. "Inveja por trás de tudo isso, mas muita!", afirma o diretor.

E desabafou: "Mas eu não estou preso, não fui, não serei. As contas estão em ordem, eu que assinei todos os cheques, eu conheço todo o mundo que eu paguei, sei exatamente os problemas do filme. Eu sou um produtor de suar a camisa, de carregar o 'cabo man', eu tô ligado."

Amaury chamou a atenção então para o grande projeto de lançamento, que está previsto para outubro deste ano nos cinemas de todo o Brasil. "A ideia é passar pelo Brasil inteiro. Estrear no Rio e em São Paulo, que são os mercados maiores, representam 60% de todo o mercado. E depois vir varrendo o Brasil, afinal, depois de tanta mídia, tanta coisa, além da importância do Chatô, tem um filme feito com o dinheiro público, tem uma obra que precisa ser devolvida, que as pessoas têm que ter o direito de assistir. E por um momento elas foram proibidas, foi censurado publicamente, né?", esclareceu.

O elenco principal conta com Marco Ricca como Chatô, Paulo Betti como o presidente Getúlio Vargas e ainda Eliane Giardini, Leandra Leal, Gabriel Braga Nunes, Andréa Beltrão e Letícia Sabatella. "O filme demorou tanto que dois atores morreram: Walmor Chagas (1930-2013) e José Lewgoy (1920-2003)", comentou Amaury.

"Eu tinha praticamente concluído a filmagem com os atores desde 2004. Foram 21 semanas de filmagem. É uma coisa inimaginável! É o tempo de fazer três ou quatro longas hoje em dia", comentou o diretor. "Mas eu não contei um trecho da vida dele, eu contei a vida dele toda!" arrematou.

"Agora Guilherme, depois desses 20 anos, eu imagino que esse lançamento tem um sabor muito especial pra você", instigou Amaury. "É... dever cumprido! Eu sou um cara assim: estudei num colégio só, fui casado 16 anos, trabalhei praticamente numa empresa só esse tempo todo: eu sou um cara fiel, sou capricorniano", argumentou Fontes.

E esclareceu: "Eu não admiti naquele momento receber uma notícia do governo dizendo assim: 'Olha, acabou para você, esse filme não é mais seu e vamos entregar para outra pessoa'. Eu achei aquilo uma afronta tão inacreditável. Eu tinha prometido uma obra, e aquela obra eu tinha que cumprir. Então, não importa o tempo", afirmou.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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