Renato Kramer

'Quem tá falando botou a carapuça', diz Walcyr Carrasco sobre críticas a 'Verdades Secretas'

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Walcyr Carrasco, autor de "Verdades Secretas", esteve no "Altas Horas" (Globo) deste sábado (1º) e reiterou a sua postura em relação à polêmica do famigerado "book rosa".

Logo de início, Serginho Groisman quis saber se o autor já tinha esse tema, o mundo da moda, previamente preparado ou se foi algo proposto pela emissora.

"Não, eu não tinha essa ideia. E essa é uma novela diferente porque, na verdade, eu fui jornalista muitos anos. E como eu não tinha ideia nenhuma e me foi sugerido pela direção da emissora fazer uma novela inédita das 23h, não mais um remake, pensei em voltar a ser repórter", explicou o autor.

E argumentou: "Eu cheguei a ser diretor da revista Vogue no passado, conheço bastante o mundo da moda. Então eu falei: 'É por aí que eu vou!' E aí eu comecei a fazer pesquisa. Eu já sabia da existência do 'book rosa' ou 'ficha rosa', e aí eu fui, me aprofundei e tá aí a novela."

E o tal "book rosa" ainda permaneceu na berlinda. "Está causando muita polêmica essa questão do 'book rosa' ou 'ficha rosa'", comentou Serginho. "Qual é o limite entre a ficção e a realidade para um autor?". "Não tem esse limite tão claro", respondeu Walcyr de pronto.

E acrescentou: "Porque a realidade é que alimenta o que a gente vai criando. Então, nesse caso especialmente, eu diria que não há um limite rígido. A realidade me fez criar". "Evidentemente não é um documentário, é uma obra de ficção, baseada em fatos reais, é isso?", questionou Groisman.

"Inspirada em fatos reais, porque, na realidade, o que eles fazem com as meninas modelos é trazê-las da cidade delas e botá-las num apartamento com mais cinco modelos. Elas ficam sem a família, muito mais expostas do que a minha personagem Angel, por exemplo", avaliou o autor.


Serginho ressaltou que as críticas que estão surgindo seriam em relação a generalizar essa situação em que as modelos podem se prostituir. Walcyr retomou a palavra com firmeza: "Olha, eu vou dizer uma coisa para você. Quem tá falando isso é que botou a carapuça! Porque a verdade é o que eu disse na novela: nem todas as agências fazem [o book rosa], nem todas as modelos fazem ou fizeram. Eu já disse isso várias vezes, também na minha coluna da revista Época falei na semana passada. Esse protesto é de quem se sentiu atacado", arrematou.

Mudando de assunto, o apresentador quis saber se Walcyr já matou algum personagem que não estava previsto numa novela. "Já. Eu já matei porque a trama não tava com aquela força, então eu realmente explodi a Cláudia Raia uma vez. Mas não por causa dela, ela é uma grande atriz, e sim porque eu precisava incrementar a trama e aí criei um 'quem matou?'. E já matei também ator que não falava mais o texto direito. Se eu falo 'não quero mais', mato o ator. Eu matei mas usei a favor da trama. Mas não vou dizer quem é", concluiu.

Groisman mostrou algumas cenas de "Verdades Secretas" e perguntou para Walcyr como ele avalia o seu grau de satisfação quando assiste as cenas que escreveu. "Eu sinto que é para isso que eu existo. Que eu vim ao mundo para escrever. E a felicidade que eu tenho ao ver a novela no ar é uma coisa que eu não tenho palavras pra descrever. Realmente é o que mais me emociona nesse mundo."

O autor informou que já terminou de escrever "Verdades Secretas" e já está escrevendo outra novela para o horário das 18h, cujo título provisório é "Candinho" —uma homenagem ao comediante Mazzaropi. Além disso, os seus mais de 60 livros infanto-juvenis estão sendo reeditados e duas peças suas estão em cartaz em São Paulo: "Desamor", com Dionísio Neto, e "Loucas Por Eles", com Suely Franco.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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