Renato Kramer

Era 'uma época mais ingênua', diz Maria Luisa Mendonça sobre sua personagem hermafrodita

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"Eu amei fazer! Eu acho que foi um trabalho de muito nível, muito sofisticado", declarou a atriz Maria Luiza Mendonça no "Marília Gabriela Entrevista" (GNT) deste domingo (5) sobre a sua participação na minissérie "Amorteamo" (Globo) em que viveu Dora, a dona do prostíbulo.

"Era uma equipe maravilhosa, um elenco muito bonito com grande afinidade —foi azeitado, é um trabalho que eu tenho orgulho. Eu acho que vem mais uma temporada do 'Amorteamo'. Eu tô torcendo, porque eu acho um trabalho de muito nível da Rede Globo", declara a Vera Avelar Falcão de "Explode Coração" (1995).

"Você precisa estar tão ocupada o tempo todo?", questionou Gabi. "Preciso, senão eu morro em vida! Mas olha quem fala!", retrucou Maria Luisa. "Mas eu tenho minhas razões", defendeu-se a apresentadora. "Quais são as sua razões?", tentou virar o jogo a entrevistada, mas Gabi retomou o leme.

Crédito: Patricia Stavis A atriz Maria Luisa Mendonça
A atriz Maria Luisa Mendonça

Marília pergunta dos planos da atriz se tornar diretora de teatro e cinema. "Eu dirigi uma vez uma peça ["Essa Nossa Juventude"]. Agora eu penso em dirigir alguma coisa talvez em cinema. Eu tenho uma ideia, mas isso leva tempo. Contei isso para o Cláudio [Torres, seu marido] e ele gostou".

Em cartaz em São Paulo (no Tucarena, até 2/8) com a peça "Um Bonde Chamado Desejo" (Tennessee Williams), elogiada pela crítica no papel de Blanche DuBois, Gabi pergunta para Mendonça: "Você já se leu tão bem posta assim, não?". A atriz parece constrangida. "Estou falando sério, é mais do que a crítica, são muitos elogios!", ressalta a apresentadora.

"Eu tô feliz com a minha insistência na dedicação, eu me dedico. E aí vão vindo essas camadas todas. Eu acho que a Blanche é um presente para qualquer atriz. São muitos desdobramentos, muitas camadas humanas ali. Eu acho que no final ela chega a uma histeria mesmo. Tem uma hora que ela não aguenta mais, que rompe, sabe? Eu fui por aí também. É uma agressividade de um mundo bruto dentro de algo muito sensível, que às vezes não tem capacidade de aguentar isso e rompe", explica.

"Eu continuo a falar com a atriz Maria Luisa Mendonça, que um dia foi a Buba (Renascer - 1993). Não se preocupe que eu não vou falar sobre ela!", brincou Gabi. "Pode falar, eu não tenho nada contra, pelo amor de Deus!", retruca a atriz. "Não é possível que até hoje a gente se lembre muito daquela personagem! Foi sua estreia na televisão?", emendou a apresentadora.

"Foi, eu tinha 23 anos e estava saindo de Julieta ["Romeu e Julieta"]. Isso me impressionou, o poder da televisão. E também com uma personagem [hermafrodita] numa época mais ingênua, sabe?", comentou Mendonça. "Mais ingênua ou menos conservadora?", interveio Gabi.

"Era uma hermafrodita e ela teve uma aceitação, não teve?", relembrou Gabi. "Teve, porque eu fui para um lado muito doce, rompendo com o preconceito pela delicadeza —era uma personagem muito delicada, as crianças adoravam, ela era muito doce!", argumenta Maria Luisa.

"Você acha que hoje em dia ela seria tão bem aceita, ou haveria reações?", cutuca Gabi. "Eu acho que como ela era, ela seria bem aceita, porque ela era muito gentil e doce, não era uma pessoa agressiva. Acho que foi por isso que o Brasil se comoveu, porque ela era agradável", argumenta a atriz.

"Por que, na sua opinião, as pessoas não se comoveram com um beijo de duas senhoras tão doces como Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg ("Babilônia")?", indagou Gabi. "Vou tentar responder... Não sei... O ato talvez do beijo, não sei se provocou alguma coisa, a gente não sabe como vai ser a reação mesmo. No caso da Buba, ela não beijava, ela não chegava a expor nada, é diferente, mas...", titubeou Mendonça.

A atriz se questiona também em relação ao que leva um trabalho a acontecer e outro não. "Por que por vezes uma novela que tem um elenco incrível, que tem uma história incrível e aquilo não se comunica? A gente não tem essa fórmula, não é? Não tem", conclui.

"A gente nunca tem o controle se vai ser um sucesso ou um fracasso... Por isso que eu penso sempre nessa insistência: tem que ir sempre fazendo e eu não sei o que é que vem. Não sei... Mas não quero parar de fazer!", declara Maria Luisa Mendonça.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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