Renato Kramer

Ronnie Von diz que Roberto Carlos fazia 'touca' com meia calça para alisar cabelo

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"A Jovem Guarda, apesar de ser um fenômeno midiático, era de uma época mais ingênua" —disse o apresentador Amaury Jr., que fez uma rápida homenagem ao movimento em seu programa na Rede TV!, na última quarta-feira (1º), revisitando entrevistas com alguns expoentes da música jovem dos anos 60.

Já de início, o apresentador citou alguns nomes que fizeram parte da "Jovem Guarda", que comemora 50 anos em 2015: Jerry Adriani, Martinha, Vanusa, Eduardo Araújo, Silvinha (1951-2008), Leno e Lilian, Os Vips, os grupos vocais Golden Boys e Os Caçulas, e as bandas The Fevers, Os Incríveis e Renato e Seus Blue Caps.

"Apesar de muitos considerarem o cantor Ronnie Von um expoente do "iê, iê, iê", ele é categórico em afirmar que não fazia parte da Jovem Guarda", informa Amaury antes de entrevistá-lo.

"Eu fico me olhando agora, cadê o meu cabelo, Amaury?", brinca Ronnie, olhando para as sua fotos dos anos 60 quando envergava uma vasta cabeleira lisa invejada por todos os cantores jovens da época. "Por isso que me chamam de 'emo' hoje", ri o cantor. "O apelido de 'príncipe' quem te deu foi a Hebe (1929-2012)?", perguntou Amaury. "Foi a Hebe", concordou o mais belo cantor das décadas de 60/70.

"Com o apelido de príncipe e com um cabelão desses, as pessoas me chamavam de nomes inconfessáveis!", confidencia o belo Von. "Você tinha problemas na rua?", quis saber o apresentador. "O quê? Meu Deus do céu!", responde Ronnie. "Tipo o quê?", instigou Amaury. "E aí, bichona? Isso era normal. Fala, traveco! Sempre assim, não tinha emo na época. Alô, boneca! Tinha também", abre o jogo o "Pequeno Príncipe" sem rodeios.

Quanto aos cabelos pretensamente lisos usados por Roberto e Erasmo Carlos, Ronnie entrega o ouro para o bandido: "Isso eu vi, ninguém me contou: Roberto Carlos pegando as meias de seda da Wanderléa, cortar, amarrar em cima e fazer uma touca! Eu vi! E Erasmo fez igual, para alisar o cabelo", segreda o apresentador do "Todo Seu" (Gazeta).

No embalo, o cantor que estourou no Brasil cantando uma versão sua para o sucesso dos Beatles "Girl" (Meu Bem), contou que tinha uma namorada que colocava os cabelos sobre a mesa de passar roupa e os alisava literalmente a ferro. "Não tinha chapinha naquela época!", arremata Ronnie.

E declara abertamente: "Eu não fiz parte da Jovem Guarda, jamais fiz parte da Jovem Guarda e nunca fui ao programa Jovem Guarda (Record) – mas a gente tinha aquele envolvimento com as pessoas que participavam, eu surgi na mesma época. Eu tinha o meu programa (O Pequeno Mundo de Ronnie Von - Record), mas eu tinha envolvimento de camarim com essa turma toda".

Wanderley Cardoso explica porque ficou conhecido como o 'bom rapaz'. "Essa música tinha sido feita pelo Geraldo Nunes, e no final a letra dizia: "e amar demais, ser um bom rapaz foi o meu mal". E ficou. E eu era um menino muito comportadinho, filhinho de mamãe, filhinho de papai... De papai não era, porque eu não conheci meu pai —considerado 'bom Rapaz'".

"Mas era namorador", confessa. E conta que namorou muita moça bonita e conhecida: entre elas a cantora Vanusa e a ex Miss Brasil Vera Fischer – "aquela coisa bonita"!

Num tête-à-tête com a Ternurinha Wanderléa, Amaury a pressionou contra a parede: "Afinal, quem é que você namorou: Roberto ou Erasmo?". Wanderléa ri sem pressa para elaborar a sua resposta, sempre evasiva sobre esta questão que insiste em permanecer rondando o trio de ouro da Jovem Guarda (Roberto, Wanderléa e Erasmo).


"Eu acho que éramos muito jovens, muito crianças e tudo... Na verdade, a nossa relação acabou ficando tão familiar, tão de irmão, tão ingênua, tão pura...", ia tentando formular a sua resposta costumeira quando Amaury a cortou: "Eu conheço os dois, eu vou te botar numa sinuca: um deles me contou a verdade. Agora ou você conta a verdade ou conto eu!", ameaçou Amaury.

"Agora eu fiquei curiosa!", respondeu Wanderléa desconversando. "Para ninguém ficar triste, um pouquinho cada um. Mas namoro, namoro, namoro realmente não houve. Mas eu conheci o Roberto primeiro, então tem aquela coisa de colégio que quem vê primeiro tem mais direito de se aproximar", explica a musa da Jovem Guarda, sem responder exatamente a pergunta.

"O que significa namorar um pouquinho?", insiste Amaury. "Um pouquinho significa aquele tipo de paquera de adolescente", simplifica a Ternurinha.

Passando a bola para o Tremendão Erasmo Carlos, Amaury quis confirmar então o fato de terem namorado um pouquinho. "Um pouquinho, né, Amaury?

Porque tinha aquela coisa da convivência, viagens, essas coisas todas, mas nunca nada sério", declarou o Tremendão. Amaury quis saber, então, sobre uma eventual canção que Erasmo teria composto para Wanderléa: "Sentado à Beira do Caminho".

"Não, não me consta que foi pra Wanderléa, não", respondeu Erasmo sem fazer nenhum mistério. "Conta a lenda que foi", retrucou o apresentador. "A minha lenda consta que não foi", repete Erasmo. Amaury se esqueceu de perguntar sobre uma canção, sucesso nos anos 60, que essa sim, reza a lenda que Erasmo teria composto sozinho para Wanderléa ("Prova de Fogo"). Mas pode ser apenas "lenda" também.

"E também tinha uma coisa", acrescenta Erasmo, "os pais das cantoras da Jovem Guarda eram meio pais de misses, era uma marcação cerrada igual zagueiro. Então era difícil. E as mocinhas cantoras eram muito sonhadora, todas queriam se casar. Então aí já era aquela pressão", relembra o eterno parceiro de Roberto Carlos.

"Quantas histórias! Época boa da Jovem Guarda, que também ditou moda e comportamento. "Que o diga a Wanderléa e as suas minissaias: foi Mary Quant na Inglaterra e Wanderléa no Brasil!", diz Amaury. "A Channel fez um pouco abaixo do joelho. A Mary Quant um pouco acima. A minha já era quatro dedos abaixo da pelvis – baseadas nas minhas heroínas antigas Mary Marvel, com os pernões de fora e o cabelo longo solto. Mas chocava muito a família brasileira", diz a Rainha da Jovem Guarda.

"Quem diria, não? Que as minissaias da Wanderléa estão aí até hoje no guarda-roupa das adolescentes e fazem muito sucesso! 50 anos, parece que foi ontem!", arremata Amaury Jr.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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