Renato Kramer

'Malandragem pode ser do bem', diz Alexandre Borges sobre personagem em 'I Love Paraisópolis'

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Alexandre Borges, o Jurandir de "I Love Paraisópolis" (Globo), foi o convidado de "Marília Gabriela Entrevista" (GNT), na noite desta terça-feira (26).

E o "seu Juju" foi o primeiro tema da conversa. "Ele é meio o malandro brasileiro, aquele cara que vai levando a vida assim meio na flauta". "Eu ia falar cafajeste, mas achei que ia ser muito pesado", replica Gabi.

Mas Borges defende o personagem dizendo que a "malandragem também pode ser essa coisa do bem. Isso de você ter que improvisar sempre, é bem típico do brasileiro, principalmente com pessoas de uma classe social mais baixa, que tem de vencer cada dia uma batalha. Mas sempre rola um tempinho para ouvir um pagode, se divertir um pouco, se dar esse direito... às voltas com problemas de pensão! Acho que é bem o tipo brasileiro!", acrescenta.

Gabi lembra que Borges surgiu como galã, mas fez a transição para personagens com humor. "Olha, em "Laços de Família" (2000) eu era o Danilo, depois o Cadinho da "Avenida Brasil" (2012), são personagens que trazem um pouco essa coisa do homem brasileiro: que tem a sedução, tem a coisa de querer conquistar, de gostar da mulher, e ao mesmo tempo ter a malandragem, ter humor, um sorriso", argumenta Borges.

Sobre a influência do humor em seu trabalho, Alexandre confessa que foi algo um tanto natural: "Foi de não perder a 'Sessão da Tarde' com o Jerry Lewis, de pesquisar coisas do Oscarito, de ver 'Os Trapalhões', de gostar da comédia, de ser uma coisa que eu curto fazer". "E na vida, você faz também?", retruca Gabi. "Na vida eu sou um pouco mais tímido", confidencia Borges.


"Eu acho você uma pessoa sempre muito bem comportada, muito educado, muito gentil, muito delicado... e essas pessoas sempre me parecem ser o 'diabo', devem aprontar, você não?", questiona Gabi.

"Acho que tem de tudo, depende muito do dia a dia, da fase que você tá. Eu sou uma pessoa que tenho muitos ídolos, muitas pessoas que eu admiro, por exemplo, você", declara o ator pegando a apresentadora de surpresa. "Muito obrigada!". "É uma pessoa que eu sempre admirei, aprendi muito com as tuas entrevistas, cresci com elas. Então quando eu encontro contigo tem um misto de amizade e de uma reverência pela sua importância profissional na minha vida", conclui.

Depois de ter feito algum teatro amador em Santos (SP), sua cidade natal, o ator conta que entre seus 18, 19 anos veio para São Paulo para fazer o teste para ingressar no grupo do diretor Antunes Filho. Passou no teste, ficou no grupo e logo em seguida filiou-se à turma do diretor Ulysses Cruz, na época primeiro assistente de Antunes.

Alexandre estreia no teatro profissional com a peça "Os Velhos Marinheiros", sob a direção de Ulysses Cruz. "Foi uma das peças mais bonitas que eu vi na minha vida. Eu assisti para substituir uma pessoa e fiquei com o grupo durante dez anos – fizemos coisas fantásticas. E viajamos muito para o exterior para participar de festivais. Foi a minha formação como profissional mesmo", relembra o ator.

Na televisão, sua primeira novela foi "Guerra sem Fim", na extinta TV Manchete, em 1993. Depois, foi convidado por Paulo José para participar da minissérie "Incidente em Antares" (Globo, 1994).

"Estou na minha 15ª novela em 'I Love Paraisópolis', fora as minisséries e os filmes", comenta Borges. Gabi lhe pergunta se de agora em diante ele vai preferir dirigir teatro do que atuar. "Não. São coisas diferentes, mas muito da minha experiência de ser dirigido, do que eu aprendi, do que eu leio e das minhas referências pessoais eu posso usar como diretor".

"Dirigindo ('Muro de Arrimo') eu me senti mais tranquilo, mais generoso, você quer tanto que o outro brilhe, você vai em busca de que o outro cresça, o ator, a cenografia, o iluminador, o figurino... são tantas criações que vem pra você e que você debate, que você cria junto e vai vendo aquela coisa sendo formada, é muito prazeroso e terapêutico até. Me liberta um pouco do trabalho da atuação", argumenta o ator.

Para viver um morador de Paraisópolis (SP), Alexandre revela que "teve uns encontros lá no Rio mesmo com umas pessoas que foram de Paraisópolis para lá, contando a história do início da comunidade, os problemas atuais, o sonho de se tornar um bairro, de ter uma estrutura melhor de higiene, de asfalto, de saneamento básico, de cultura... de investimento mesmo".

Borges lembra que também fez visitas à comunidade. "Fui lá em Paraisópolis escondidinho, peguei um táxi, entrei na comunidade, conversei com as pessoas, dei uma respirada, mandei muita energia, peguei energia também... porque é uma responsabilidade muito grande você estar retratando um lugar, está retratando pessoas, uma comunidade muito ativa, então, você tem que ter um cuidado, um respeito muito grande", conclui Borges.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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