Renato Kramer

'Ninguém é gay, ninguém é hetero, depende da hora', diz Ronaldo Ésper

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O estilista Ronaldo Ésper, 72, esteve no "Okay, Pessoal!" (SBT) de Otávio Mesquita na noite desta quarta-feira (29).

"Estou com 51 anos de profissão de estilista, mas 51 anos de televisão também", declarou Ésper. "Comecei na 'Revista Feminina' [TV Tupi] com a Maria Tereza Gregory, depois fui para a Record trabalhar com a Sônia e o Blota Jr. —num programa ao vivo que ia ao ar à meia-noite, depois passava um filme", lembra.

"Depois fiz Hebe... Mas na verdade, eu nunca me dediquei muito à televisão, me dediquei mais ao que dava dinheiro —que era a costura. E ainda continua dando, eu continuo estilista: é o meu arroz e feijão!", confessa Ronaldo— famoso por seus vestidos de noiva, tanto clássicos quanto diferenciados, com modelos vermelhos, azuis, xadrez, príncipe de Gales e até pretos.

"Não tem problema se casar de preto? A minha mulher devia ter se casado de preto quando ela me conheceu, porque realmente casar com o Mesquita não é fácil!", observou o apresentador. "Você conseguiu vender o vestido preto?", quis saber Otávio. "Vendemos vários —e depois foi muito copiado, todo o mundo copiou", afirmou o estilista.

Crédito: Bruno Poletti/Folhapress Ronaldo Ésper
Ronaldo Ésper

Abrindo para a participação da plateia, uma jovem perguntou ao entrevistado: "A gente sabe que você é gay, mas a gente queria saber se você já transou com alguma mulher". "Eu já transei com muitas mulheres", respondeu Ronaldo de imediato.

"Você perdeu a virgindade com uma mulher, é isso?", questionou o apresentador. "Não, não... Na verdade nem foi uma perda de virgindade. Outro dia eu até disse para a Gay Marchiori...". "A Val Marchiori é a 'gay' Marchiori?", cortou Otávio, rindo muito. "A Val é a gay Marchiori!", confirmou Ésper, divertindo-se muito.

"Ela me perguntou quando eu tinha começado a minha vida sexual. Eu falei que com 12 anos, mas que veio a se consumar aos 30. Aí ela me perguntou o que é que eu fiquei fazendo dos 12 aos 30 —e eu respondi: quebrando louça!".

Como nem o apresentador nem a sua plateia sabia o que isso significava, Ésper explicou: "É um termo muito do meio gay. Quebrar louça é quando duas pessoas, até mesmo héteros, ficam no esfrega-esfrega e não acontece nada".

"Eu só me revelei gay mesmo com 60 anos, no programa da Luciana. Naquela época eu era candidato a deputado e o pessoal do partido me falou que era melhor eu contar porque ia vir lama!", segredou o estilista. "Você nunca tinha assumido? Por quê?", quis saber Mesquita. "Porque eu acho isso uma bobagem. Ninguém é gay, ninguém é hétero —eu acho que depende da hora", decretou Ésper.

E foi mais além: "Olha, eu garanto que, dependendo do clima, ninguém resiste uma cantada minha aqui!". Te mete! E dá a dica: "Você nunca deve falar pra pessoa a sua intenção. Entre dois homens, principalmente quando um não é gay, é muito mais difusa a atmosfera. Então você sempre tem que falar coisas do tipo: você quer ir lá em casa ver a minha coleção de caixinhas de fósforos, eu tenho um uísque diferente na minha casa... O cara também já sabe o que vai acontecer, mas ele fica assim meio não sei se é, né?!", ensina o estilista, do alto dos seus 72 anos.

"Você já dormiu com um heterossexual?", perguntou Otávio diretamente. "Eu só gosto de hétero!", respondeu Ronaldo sem titubear. "Mas um homem que nunca se relacionou com outro homem...", ia conjeturando Otávio quando o estilista corta: "Comigo se relaciona!". "Verdade?", espanta-se Mesquita. "Muitos, muitos. Por isso que eu te falei, eu sou muito sedutor!", garantiu o entrevistado com ar de quem confia no seu taco.

Mas logo o homem das alfinetadas deixa o seu ar de segurança de lado para comentar com certo receio: "Ainda bem que é de madrugada e mamãe está dormindo!".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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