Renato Kramer

'Tá no Ar' parodia clássicos da TV Globo e faz retrospectiva

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O humorístico "Tá No Ar" (Globo) conseguiu um trunfo ainda maior do que já vinha alcançando, nesta quinta-feira (16), ao parodiar clássicos dos 50 anos da história da Rede Globo de Televisão.

O episódio começa por confessar que só está dando parabéns aos '50 anos' da Globo por obrigação contratual. E na sequência dá uma lista de 5 cinquentonas que 'eles' pegariam: Patrícia Pilar, Maitê Proença, Débora Bloch, Cláudia Ohana e Roberta Close.

Em seguida o lançamento do impagável DVD da Galinha Preta Pintadinha comemorativo dos '50 anos de TV Globo'. E o hilário desfile de paródias de sucessos infantis tem início.

O "Plunct, Plact, Zum" de Raul Seixas vira o "Trabalho Pra Oxum"; o lindo "Balão Azul" do "Balão Mágico" se transforma no "Marzão Azul"; da clássica nave da Xuxa não desce a Rainha dos Baixinhos e sim a Galinha Preta Pintadinha, afirmando que o 'erê' curte doce, pinga e mel (Bom Estar Com Você). Na faixa bônus, surge a implacável Galinha Convertidinha "expulsando o mal". Genial.

Flashes memoráveis surgem no recheio do programa.

A saudosa apresentadora Hebe Camargo declara em vídeo ser um privilégio estar participando desse programa. A indefectível viúva Porcina (Regina Duarte) exige que Sinhôzinho Malta (Lima Duarte) lhe traga um sarapatel pois está com uma fome danada!

Chacrinha, o Velho Guerreiro, aparece para lembrar-nos que está aqui para confundir e não para explicar. Em paródia, os "Irmãos Coragem" cavalgam atrás do seu maior diamante e o encontram nas mãos do homem de preto, o 'comendador' de "Império" (Alexandre Nero).


Cid Moreira apresentando o "Jornal Nacional" em 1989, Tarcísio Meira ficando só de cuecas na primeira versão de "Guerra dos Sexos" (1983), contracenando com os grandes Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Paulo José e Flávio Migliaccio em "Shazan, Xerife e Cia" (1972) também são lembrados.

O cantor Leoni canta no "Globo da Morte", apresentado por César (Marcius Melhem) e Isabella Garcia. E é anunciada a programação de um novo canal a cabo católico, a 'Reze Globo', com atrações como "Encontro com Nossa Senhora de Fátima", "Pentecostes Espetacular", "Capelão do Huck", "Tá No Altar", "Programa do Jó" e "Altas Hóstias".

O impagável Popó (Chico Anysio) declara com o seu eterno mau humor: "Esse programa está profundamente ridículo! Eu vou mandar tirar esse programa do ar". Galvão Bueno grita 'é tetra'; a competente jornalista Leda Nagle dá uma notícia breve; o Carlão (Francisco Cuoco) aparece morto na cena final de "Pecado Capital" (1975) e Jô Soares aparece no Jornal do Gordo para avisar que o Plano Cruzado morreu.

"A Rede Globo de Televisão foi fruto de uma conspiração das Forças Armadas em conluio com a Opus Dei, a Maçonaria, os Iluminati, o Rotary Clube e o Clube de Regatas do...", delata o engajado crítico, cuja fala é sempre cortada (Marcelo Adnet).

Na sequência, o "Jardim Urgente" faz uma menção ao antigo "Você Decide", flagrando sérios problemas na Creche Pintinho Serelepe. "Foca em mim!". E lá vem a bendita foca voando na cara do apresentador. "Chatice, Batata! Isso dá justa causa, sem FGTS!", retruca o âncora Jorge (Welder Rodrigues), alterado, e chuta a foca de volta. Sem dúvida, um dos pontos altos do programa.

Outros flashes trazem Milton Gonçalves afirmando com certa ironia que no Brasil ninguém é racista. "As Frenéticas" cantam a abertura da novela "Feijão Maravilha" (1979) e Ney Latorraca e Françoise Forton dançam em "Estúpido Cupido" (1976). O jogador de basquete Oscar é elogiado por Sérgio Chapelin. Clodovil Hernandes dá o ar da graça com a sua inteligência aguda e o seu humor ácido.

Roberto e Erasmo Carlos cantam juntos um trecho de "Quando as Crianças Sairem de Férias" (1973). Maria do Carmo (Susana Vieira) quer ajustar contas com Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) em "Senhora do Destino" (2004). Ruth e Raquel (Glória Pires, sempre brilhante) se enfrentam em "Mulheres de Areia" (1993). O 'Fofão' aparece dançando rapidamente, enquanto há uma pausa para as "Silvio's greatest songs".

"A Escrava Isaura" é parada numa blitz. Isadora Ribeiro emerge na abertura do antigo "Fantástico". E a jornalista Glória Maria, muito antes do advento do 'megahair', fica literalmente de cabeça para baixo numa gigante montanha russa. "Os Trapalhões" se atrapalham. "Te fiz esperar muito?", pergunta Carolina (Yara Côrtes) para o enamorado João Maciel (Paulo Gracindo) em cena final de "O Casarão" (1976). "Quarenta anos!", responde o veterano amante.

Para encerrar com chave de ouro, "Direto do Túnel do Tempo" traz o prestigiado ator Antônio Fagundes —"O Dono Do Mundo"— como integrante da primeira formação dos "Menudos", que ainda hoje faz shows beneficentes pelo mundo. Então, todo trabalhado no cetim roxo beterraba, Fagundes aparece falando ao público no mais castiço 'portuñol' e, acompanhado dos seus colegas, canta e dança a inacreditável "Não Se Reprima". Show de bola.

"Tá No Ar" se confirma como o melhor programa de humor da atualidade.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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