Renato Kramer

Fernanda Montenegro e Antônio Fagundes travam duelo de titãs em 'O Dono do Mundo'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Você vai ou não vai satisfazer a minha curiosidade?", pergunta Felipe Barreto (Antônio Fagundes) para a cafetina Olga (Fernanda Montenegro), sua mãe biológica, em uma cena de tirar o fôlego no capítulo do ultimo sábado (31) de "O Dono do Mundo", que o canal Viva está reapresentando.

Podem até me chamar de saudosista, mas a verdade é que certas novelas antigas têm um molho muito especial. É o caso de "O Dono do Mundo" (1991) que tem no seu elenco principal atores do cacife de Antônio Fagundes e Fernanda Montenegro.

Olga é surpreendida com a visita do filho em sua casa, onde mantém o seu "negócio" em plena atividade. Ela alicia jovens moças para senhores abastados, ganhando uma boa comissão para tal. Felipe havia prometido não procurá-la nunca mais, mas anda por baixo e precisa saber informações sobre o golpe que o acometeu.

"Embora você não mereça, eu vou contar o que aconteceu", responde-lhe a mãe. "Eu sabia que havia uma arapuca armada contra você, e eu me senti na obrigação de tentar evitar que acontecesse o que aconteceu, mas você como sempre não me deixou abrir a boca, como você tem feito a vida inteira!", queixa-se Olga.

Crédito: Divulgação Malu Mader como Márcia e Antônio Fagundes como Felipe Barreto em "O Dono do Mundo"
Malu Mader como Márcia e Antônio Fagundes como Felipe Barreto em "O Dono do Mundo"

"Você não podia saber!", retruca Felipe. "Você não viu o estado de nervos em que eu cheguei lá?! Você não me deixou abrir a boca!", reclama Olga. "Isso é uma mentira, você está inventando!", rebate Felipe furioso. "Você me humilha! A vida inteira você me humilha!", replica Olga tensa. Então Felipe Barreto encosta a mãe à parede: "Como é que você sabia que era uma arapuca? Quem foi que te contou?", quer saber o médico já muito alterado. Olga baixa o tom e muda o discurso.

"A quem é que você está fazendo essa pergunta?", arrisca Olga. "A uma pessoa muito mais baixa do que eu pensei que você fosse!", joga-lhe na cara Felipe. E vai mais longe: "Porque pra saber que era uma arapuca você tinha que no mínimo estar ligada a traficantes de drogas, além das falcatruas em que você sempre se meteu!", conclui veemente. Olga corre até a porta, abre e grita: "Sai, sai da minha casa! E nunca mais ouse voltar a bater na minha porta!". "Não se preocupe, eu não vou voltar nunca mais!", promete mais uma vez o filho com altivez. Ufa! Um verdadeiro duelo de titãs!

Na sequência toda a graça de Malu Mader (Márcia), a leveza do casal Beija-Flor (Ângelo Antônio) e Thaís (Letícia Sabatella) —que estreavam na Rede Globo e se casariam logo após as gravações—, e a estreante em novelas Odete Lara (Ester) aos 63 anos de idade. A trama conta ainda com grandes nomes como Nathália Timberg, Stênio Garcia, Glória Pires e os saudosos Hugo Carvana, Daniella Perez e Paulo Goulart.

"O público é estranho", teria declarado o autor Gilberto Braga. "Gostava da Thaís, uma prostituta de boate e adorava a Olga, uma cafetina. No entanto, odiava a heroína! Passei oito meses tentando fazer com que gostassem dela!". A direção geral é de Dennis Carvalho. Vale a pena ver de novo.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias