A atriz Regina Duarte (67), que tem atualmente os 50 anos de sua carreira passados em revista na exposição "Espelho da Arte - a Atriz e seu Tempo" (Espaço JK - SP, até 8 de fevereiro), foi ao "Mulheres" (TV Gazeta) nesta sexta-feira (23) falar sobre a sua carreira e os seus novos projetos.

Antes de mais nada, é preciso confessar um certo estranhamento em assistir a eterna "namoradinha do Brasil" em outra emissora que não a Globo. Se a Rede Globo, que completa 50 anos em 2015, tem uma cara – essa "cara" é Regina Duarte.

A atriz protagonizou incontáveis telenovelas nos primórdios da emissora, no tempo em que a novela fazia realmente parar o Brasil – como aconteceu no último capítulo de "Selva de Pedra" (Janete Clair, 1972), na qual Regina Duarte e Francisco Cuoco formavam o par romântico.

Na conversa descontraída com a apresentadora Cátia Fonseca, Regina chegou a comentar o quanto atualmente a novela deixou de ser o foco principal do público, já que divide a atenção com tanta tecnologia trazida especialmente com a internet. Mas ressaltou que quando surgem trabalhos como "A Favorita", "Cordel Encantado" e "Avenida Brasil" – "para tudo!".

Em meio à entrevista, o colega Lima Duarte entrou ao vivo por telefone para homenagear a companheira de cena de "Roque Santeiro", quando os atores viveram os inesquecíveis Sinhozinho Malta e a viúva Porcina. Lima contou que já estava gravando externas da novela quando ainda não haviam decidido quem seria a Porcina. "Primeiro soube que ia ser a Sônia Braga, mas não acertaram. Depois Marília Pêra, Vera Fischer...até que um dia me disseram: Lima, será a Regina Duarte, a namoradinha do Brasil! E hoje eu tenho certeza de que não poderia ser outra", confessou o ator.

Regina agradece Lima Duarte muito veementemente: "Fazer a viúva Porcina com você foi o maior presente da minha vida!", e ressaltou o quanto era fácil contracenar com o ator. "Bater bola com o Lima é uma delícia. Você joga aqui, ele devolve ali. Quando você vê já está em cima do gol!", comentou a atriz que estreou na extinta TV Excelsior vivendo a Malu de "A Deusa Vencida" (1965).

Quanto ao próximo trabalho na telinha, Regina viverá uma lésbica em "Sete Vidas", novela das 18h que deverá substituir a atual "Boogie Oogie" (Globo) a partir de março. Quanto a "sair do armário", a atriz tem uma opinião bastante particular: "Tem intimidades que precisam permanecer entre quatro paredes. Ninguém é obrigado a falar disso, ninguém precisa anunciar. Para quê? Para acabar com o preconceito? Isso é uma loucura! Não acabará com o preconceito gritando aos quatro ventos sobre a sua opção sexual", declarou Regina.

Quanto a "sair ou não do armário", acredito ser algo bastante particular. Cada um sabe de si. Só discordo da atriz quanto à questão da "opção sexual". Nunca concordei com esta nomenclatura. Não acho que ninguém opte por ser assim ou assado. A pessoa é o que é e ponto. E cada ser humano deve ser respeitado como é. E ponto.

Com o mesmo sorriso que encantou milhões de brasileiros desde que se consagrou a primeira e única "namoradinha do Brasil" em 1971 ao protagonizar "Minha Doce Namorada" (Globo), Regina Duarte se despediu do "Mulheres" (TV Gazeta) – que teve nesta sexta (23) uma tarde especialmente radiante com a sua convidada mais do que especial.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"