O editor-chefe e apresentador do "Jornal Nacional" (Globo) William Bonner foi ao "Domingão do Faustão" (21) receber o Troféu Mário Lago 2014.

Silvio Pinheiro, ex-colega de faculdade de William Bonner, conta do início do jornalista como ator de rádio: "Ele já foi vários super heróis: o Thor, o James Bond, o Spirit...ele era "a voz" no programa "Cáspiti" (Rádio USP), que levava as histórias em quadrinhos para o rádio".

"A gente fazia tudo isso num tom de brincadeira, mas eu acho que brincando nós acabamos escrevendo uma página bonita da história do rádio", declara Bonner. O jornalista José Emilio Ambrósio conheceu Bonner quando ele era "freelancer" no jornalismo da Bandeirantes. Como precisou de um apresentador jovem e "o William sempre teve esse vozeirão e tudo, "mas espera aí", adverte Ambrósio: "ele tinha coisas também que depunham contra. Tinha espinhas para caramba e um óculos de fundo de garrafa mesmo!". Bonner recusou o convite de início.

"Eu não sou disso, meu negócio é locução!", argumentou o moço espinhento. Ambrósio insistiu e começaram a ensaiar. Perto da estreia William teve uma reviravolta: "Eu desisto, não é isso o que eu quero para minha vida, não é legal". Mas o jornalista objetou: "William, eu não tenho opção, nós vamos estrear segunda-feira! Ou vai, ou vai!", ordenou o amigo. "E fomos e tá aí: deu no que deu!", conclui José Emílio.

"O Zé Emílio me inventou", comenta Bonner, "ele viu aquele moleque espinhento, de óculos fundo de garrafa com 5, 6 graus de miopia já naquela ocasião e resolveu me transformar em apresentador!", confessa o atual editor-apresentador do "Jornal Nacional" (Globo).

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, aparece para contar como levou William Bonner para a Globo. "Eu coloquei a Lu (esposa) de castigo, rodando todos os canais de televisão porque precisava de um apresentador para São Paulo. Um dia ela me ligou e falou: 'achei! Eu vi na TV Bandeirantes um moço bonito, um apresentador seguro, uma voz linda, clara.' Eu perguntei se ela anotou o nome dele. 'Anotei: William Bonner'!", conta Boni. Logo de cara Bonner comandava o SPTV das 19h, na Rede Globo.

"Eu serei eternamente grato ao Boni e à Lu, que me encontrou na televisão, porque abriu para mim a possibilidade de construir uma carreira que veio em seguida na Globo e que já tem 28 anos (desde 1986)", agradece Bonner.

"Eu era apenas apresentador", declara Cid Moreira, "ele como editor completo, achei a ideia excelente! Ele tá se soltando cada vez mais, eu sinto até uma pontinha de inveja —eu gostaria de estar lá! Porque o 'JN', na minha época, era muito formal", conclui o homem que apresentou o telejornal por 27 anos.

"Bonner chegou onde chegou por seus méritos pessoais e, além de tudo, é muito esperto: se casou com a mais bonita do jornalismo!", afirma Sérgio Chapelin, também durante anos na bancada do 'Jornal Nacional', atual apresentador do "Globo Repórter".

Colegas de bancada se declaram apaixonadas pelo bom humor de William Bonner: Lilian Witte Fibe, Patrícia Poeta, e a atual Renata Vasconcellos: "É um privilégio dividir a bancada com ele, eu nunca imaginei que eu pudesse chegar a esse ponto e eu agradeço todos os dias por isso. Parabéns, você merece esse prêmio!".

Bonner comenta que uma das coisas mais emocionantes da vida profissional dele foi ter que dar a notícia da morte do colega jornalista Tim Lopes e puxar um aplauso para ele ao encerrar o "JN". Aplauso esse que foi ideia do diretor geral de jornalismo e esportes da Rede Globo, Ali Kamel.

"O Bonner é o maior jornalista da TV brasileira", afirma Kamel, "ele é um jornalista sério, ele tem um texto excepcional, ele edita como ninguém, tem uma grande sensibilidade para a notícia, e é um entrevistador de primeira linha". "Eu até o apelidei de meu 'grilo falante', porque ele me ajuda muito, questionando: 'Ali, você tem certeza disso? Acho que a gente devia fazer diferente e tal'. Parabéns, esse troféu é a prova viva do grande profissional que você é. Parabéns e um grande abraço", concluiu Ali Kamel.

Bonner se emociona. Faustão aproveita para chamar o depoimento da esposa Fátima Bernardes. "Ele é super brincalhão, sério em outros momentos, uma pessoa que está disponível para os filhos, que gosta de conversar. Trabalha muito, tem pouco tempo e o tempo que tem procura dedicar para as crianças e para mim!", diz Bernardes. "Ele tem um talento para vender carro que é impressionante!", confidencia Fátima, afirmando que o marido deve estar sofrendo muito por estar se expondo.

"A Fátima tem razão. Eu sofro muito por estar aqui. Eu quase fui embora. Eu brinco muito, mas sou tímido. Eu sofro nesses momentos como ganhar prêmios e também ganhar presentes, é sério!", confessa o apresentador.

Então entra em cena a dama das artes cênicas brasileiras: Fernanda Montenegro, ganhadora do Troféu Mário Lago em 2013. A atriz elogia muito o trabalho de Bonner na série de entrevistas que o jornalista fez com os candidatos à presidência da República nas recentes eleições. "Essa série que você fez com os candidatos foi muito especial e um passo adiante no jornalismo e que não tem retrocesso. A partir de agora os candidatos pensarão um pouco mais antes de enfrentar um jornalista do seu porte".

Ao receber o troféu "Mário Lago 2014", Bonner solta emocionado: "Nem em sonho poderia acontecer isso!". "Além do que, com licença da Fátima, é belíssimo, não é?!", observa Fernanda Montenegro.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"