A novela "Império" (Globo) teve um capítulo memorável nesta sexta-feira (19).

Tudo em função da morte arranjada do Comendador José Alfredo Medeiros (Alexandre Nero). Mas poucos sabiam da armação do comendador. Então a comoção é geral.

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O choque e as reações da família e agregados logo depois do acontecido foram intensas e bem realizadas pelo elenco. Destaque para a forte emoção de Ísis (Marina Ruy Barbosa). Mas foi Maria Marta quem roubou a cena.

"Como é que vocês conseguem?", pergunta a filha Maria Clara (Andreia Horta). "Minha filha, é uma necessidade. Enquanto nós estivermos ocupados com o enterro do seu pai, o sofrimento não nos derruba", argumenta Maria Marta com a voz na garganta. Lilia Cabral, que já vinha brilhando em sua arrogante Maria Marta, se superou ao demonstrar a dor da perda do homem de sua vida.

"Agora eu vou pedir que vocês me deixem sozinha com o Zé Alfredo. Eu vou cuidar do corpo", diz Maria Marta mortificada, mas segurando a emoção. Logo que todos saem, a "imperatriz" deixa escapar um choro profundamente dolorido que parece sair de suas entranhas. Ela vai até o marido morto, pega em suas mãos, acaricia o seu rosto e se deita em seu peito —derramando lágrimas pesadas e silenciosas. Um show de interpretação da atriz.

Surpreende a todos a chegada repentina de Ísis que, emocionadíssima, implora: "Eu preciso ver para acreditar nisso, por favor!". A moça é conduzida ao quarto onde se encontra o ex-amante sob os cuidados da mulher. O encontro das duas é emocionante.

Maria Marta se volta para Ísis com uma expressão dúbia de quem pode mandá-la para o inferno num piscar de olhos, mas ao vê-la tão sofrida e desamparada, surpreendentemente vai até a moça e oferece a sua mão para conduzi-la até o corpo do comendador. Ambas choram juntas a morte do amado. "Vamos cuidar do amor das nossas vidas para que ele entre na eternidade como o homem lindo que ele sempre foi", diz Maria Marta. Linda cena.

Parabéns para o autor pelo belo texto, para a direção primorosa, a direção musical perfeita e para o elenco em geral, especialmente Marina Ruy Barbosa e a magnânima Lilia Cabral.

Como nada é perfeito, o meu querido ator Paulo Betti insiste em sua desastrosa performance de Téo Pereira. E pensar que Lilia Cabral recebeu o convite para o seu primeiro teste na Rede Globo quando participava de uma peça ("Feliz Ano Velho") sob a talentosa direção do próprio Betti! Vai entender! Será que fizeram algum "trabalho" para o Paulo?

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"