Renato Kramer

Também estávamos com saudades, Jô Soares

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"Eu estava com saudades de vocês, das luzes daqui, de tudo!", foi como o apresentador Jô Soares abriu o "Programa do Jô" (Globo) que retornou nesta segunda-feira (8).

Depois de uma temporada afastado por conta de uma pneumonia, o apresentador estava visivelmente abatido, mas cheio de energia para reiniciar o seu programa de entrevistas que tem lugar cativo na grade da televisão aberta. Muito agradecido também, pelas inúmeras manifestações de apoio e carinho.

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"Quero agradecer de coração todos os votos, mensagens... Olha, o que eu recebi de e-mails de telespectadores... Eu me senti, poxa —eu digo: vale a pena morrer só pra ver!", comentou Jô, já colocando humor na emoção. Mas chamou a atenção para a boataria leviana que surgiu em função de seu problema de saúde.

"Minha internação rendeu cada boato! Dava para escrever um livro!", observou o humorista. "Eu morri várias vezes! Tive espinhela caída, dor que responde aqui [aponta as costas], quebranto, beribéri, tudo! Agora um ganhou o prêmio de originalidade: disseram que eu tive uma parada cardíaca depois de morto. Quer dizer, eu virei zumbi!", ironizou o apresentador.

Sua primeira entrevista foi com o historiador Marco Antônio Villa, que falou exatamente sobre o poder dos boatos em época de internet. Jô argumentou: "Eu trabalho na maior rede de comunicações da América Latina e a pessoa vai ler notícia sobre mim num blog pendurado não sei aonde!? Ora, liga na Globo, se eu tiver morrido, eles vão avisar", conclui Jô que voltou mais magro e sem a barba.


"A internet criou, entre muitas coisas positivas e algumas negativas, a potencialização do boato que se transforma em verdade", comentou Marco Antônio. "Porque ao não checar a veracidade da informação, você estará transmitindo a um terceiro aquilo como verdadeiro".

"O que me impressionou foi que botaram até o necrológio completo a meu respeito", declarou Jô. "Eu fiquei até comovido! Eu vou guardar para daqui vinte anos a gente soltar", brincou o apresentador. "A proporção que a internet dá aos boatos é uma coisa fabulosa", afirmou Villa. "Nós temos agora uma nova lei que é o marco civil da internet, justamente para tentar regulamentar isso", concluiu.

"Eu não vou processar porque eu até me diverti", diz o comediante. "Ao mesmo tempo que eu continuo comovido, porque é um banho de carinho que você recebe, dos lugares mais inesperados, das pessoas que não te conhecem, do público em geral. Aí você pensa assim: meu Deus, mas eu sou muito querido!", refletiu Jô, "isso é uma coisa que deixa você lisonjeado, sem falsa modéstia, você fica realmente lisonjeado".

Para despedida, ainda mexido com tudo e sempre agradecido pelo tratamento que recebeu dos profissionais do hospital, pelo "banho de carinho" da Rede Globo e pela corrente de amor do grande público, Jô encerrou o seu programa bastante emocionado: "Muito, muito, muito obrigado e um beijo do gordo!". Que bom que você está de volta, Jô. Também estávamos com saudades.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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