Renato Kramer

Erasmo Carlos fala de indignação após ser chamado de 'morto vivo' na internet

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Já na abertura do "Programa do Jô" (Globo) desta segunda-feira (21), o cantor e compositor Erasmo Carlos apresentou a canção que dá o título para o seu mais recente trabalho: "Gigante Gentil".

O apresentador quis saber o porquê do título. Erasmo explicou.

"Quando eu comecei a trabalhar com a internet, logo vieram as redes sociais, e aí eu tomei um susto!", confessa o Tremendão. "Comecei a ver a sinceridade cruel com que as pessoas tratavam a mim e a outros artistas. Tinha pessoas que me chamavam de zumbi, de morto vivo, 'walking dead'", relata o cantor.

"Teve um cara que falou que se eu levantasse os braços, Deus me puxava. Um outro disse que se eu fechasse os olhos a minha família começaria a rezar!", conta o parceiro de Roberto Carlos em mais de quatrocentas canções. "De início me deu uma grande indignação. Pô, eu sou um artista, fiz tantas coisas bonitas pela vida, achei uma falta de respeito comigo —então eu fiz 'Gigante Gentil', uma espécie de resposta a isso tudo", conclui.

"Mas quando dizem que o gigante é um morto vivo, perdido como um bicho sem carona do dilúvio, me assusto com o olho podre que vê ele assim, detonam o gigante e o estilhaço pega em mim", diz a letra da canção que Erasmo fez para responder às agressões virtuais.

"Depois eu me dei conta com o tempo que isso sempre existiu, apenas que com as redes sociais hoje em dia você fica sabendo. Mas isso sempre existiu, sempre falaram mal dos artistas", acrescenta o Tremendão. "Eu mesmo também me surpreendo falando mal das outras pessoas, então eu perdoei tudo. é um mal geral isso", conclui Erasmo.


Em uma seleção de fotos antigas no telão, Jô ressalta o quanto Erasmo parecia com o cantor Elvis Presley. "O Roberto [Carlos] falava muito isso", conta ele. "E eu via mesmo todos os filmes dele e copiava o andar, copiava todo ele", confidencia o cantor que formava o trio de ouro da "Jovem Guarda", ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa.

"Outro dia o Roberto me disse: 'Você era um cara que andava igual ao Elvis, agora não anda mais'. Eu retruquei: 'Quando eu andava igual ao Elvis eu não tinha varizes, não tinha dor na coluna, não tinha cirurgia de hérnia nem cirurgia de quadril!'."

Jô Soares aproveitou a deixa para mandar os parabéns atrasados pelo aniversário do Rei (dia 19 de abril último). Erasmo dá uma pequena mostra da grande amizade que os une até os dias de hoje. "Amigo é uma coisa importante. Exemplo: no dia do aniversário eu não consegui falar com ele. Então ele me ligou à noite para que eu pudesse lhe dar os parabéns!" A plateia aplaude. "Maravilha!", exclama Jô.

"Então falei pra ele que vinha ao seu programa e ele disse que estaria vendo, porque ele não perde programa seu dia nenhum. Eu também não perco!", confessou Erasmo. "Eu também não", brincou Jô Soares.

No segundo bloco, Erasmo dá umas palinhas com "Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo" e "É Proibido Fumar". Depois Jô pede um trecho da versão que Roberto Carlos fez para a canção "Mellow Yellow" ("Donovan", que se chamou apenas "Caramelo" e foi um grande sucesso nos anos 60). Sempre acompanhado pelo pianista que trabalha com ele há trinta anos, José Lourenço, Erasmo ainda mostrou uma música sua recente "50 Tons de Cor", inspirada no best-seller "50 Tons de Cinza".

"Você é bom no disco e bom no palco, o que não é comum", comentou o apresentador. E deu na sequência a agenda do cantor: dia 26 de abril no Teatro Guaíra, em Curitiba (PR); dia 17 de maio no HSBC, em São Paulo (SP) e no dia 24 de maio no Vivo Rio (RJ).

"Eu conversei aqui com um dos maiores artistas do Brasil e também um grande poeta: Erasmo Carlos!", encerrou a entrevista Jô Soares.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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