Renato Kramer

Tony Ramos pesquisou documentos históricos por um ano para interpretar Getúlio Vargas no cinema

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Tony Ramos, um dos melhores atores brasileiros de todos os tempos, que raramente aparece em badalações, esteve no "Programa do Jô" (Globo) nesta sexta-feira (18).

O ator contou como o ex-presidente Getúlio Vargas entrou na sua vida e como foi todo o processo da realização do filme "Getúlio" (Copacabana Filmes), com estreia nacional prevista para o próximo dia 1º de maio.

"Tudo começou com um convite do diretor João Jardim, acoplado ao roteiro de George Moura ["Amores Roubados"]", revela Tony. "Esse projeto já tem quatro anos e meio, pra vocês verem como é complicado, e ainda é difícil fazer cinema no Brasil", explica o ator.

"Com o roteiro pronto nas mãos, eu levei um susto, porque eu olho pra mim no espelho e acho que eu não tenho nada de Getúlio!. Mas ao ler o roteiro, me apaixonei. É a história dos 19 últimos dias de vida do ex-presidente Vargas, quando acontece uma das maiores crises da nossa nação", informa.


"Do jeito que está costurado, o filme é uma aula de história, sem ser didática...e exigiu uma pesquisa enorme. Eu levei um ano lendo documentos da época, enquanto eu fazia a novela 'Guerra dos Sexos' [Globo].

Jô promete então mostrar trechos do filme no segundo bloco da entrevista.

"Vai ter segundo bloco ainda?", pergunta Tony surpreso. E faz uma confissão que é uma verdadeira lição de humildade: "Acredite se quiser, não é charme, não —não tenho nem idade pra isso, mas eu fico de boca seca em entrevista assim, ao vivo. É uma grande responsabilidade, a gente fica tenso, mas é uma tensão positiva!".

Na volta do intervalo, Jô confessa nunca ter ouvido alguém falar tão bem a respeito de um trabalho. "Por mim, eu já saía daqui e ia ver o filme agora!", declara o apresentador. É mostrado então um pequeno trecho do filme. No elenco ainda estão, entre outros, Clarisse Abujamra, Alexandre Nero, Daniel Dantas, Alexandre Borges e Drica Moraes —que foi muito elogiada por ambos.

Sobre a montagem do tipo físico do personagem, Tony confessou que essa era uma de suas maiores preocupações: "Porque eu tenho razoavelmente uma boa quantidade de cabelos e pelos...".

A plateia ri. "Disso ninguém duvida!", observa Jô.

"Eu sou pródigo nisso", admitiu Tony Ramos.

"A minha outra preocupação era de não imitar Getúlio. Aqui no filme o importante era a alma desse homem, o silêncio desse homem, o medo, a angústia, as traições, as decepções. Ele vai entrando em um silêncio profundo que culmina com o seu suicídio."

Em outra cena do filme, Getúlio não consegue amarrar os seus sapatos. Tony comenta: "Ele nunca foi muito hábil nisso".

"Eu sei muito bem o que é isso!", retruca Jô Soares.

A cena é entre Getúlio e a filha Alzira (Drica Moraes). "Que atriz sensacional!", comenta Jô.

"E ela é uma pessoa de primeira!", complementa Tony.

Na despedida: "Muito obrigado pela tua presença. Fiquei muito tocado com o nosso papo. Dia 1º de maio nos cinemas "Getúlio", com Getúlio!", anunciou Jô apontando para o seu convidado especial —que acrescentou: "Getúlio Ramos!".

Tony Ramos, elegante, inteligente e talentoso: um dos maiores atores das nossas artes cênicas.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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