Renato Kramer

A bela Letícia Sabatella e o fera Wagner Moura valem o "Romance"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Romance", de Guel Arraes –filme lançado em 2008–, foi o cartaz do "Festival Nacional" (Globo) desta quinta-feira (9).

E o par romântico não podia ser melhor: ela, Letícia Sabatella, atriz que de qualquer ângulo fica bem na tela (desculpando a rima pobre), faz a protagonista Ana, uma atriz que vibra e se entrega totalmente ao viver no teatro a personagem "Isolda" (Tristão e Isolda).

"Tristão" é vivido pelo ator e diretor Pedro, o sempre talentoso Wagner Moura. Ele não resiste aos encantos da Isolda de Ana. Quem resistiria?

Ao assistir Letícia Sabatella realizando com garra a sua Isolda em "Romance" é impossível não achar que Chico Buarque e Edu lobo tenham escrito a canção "Beatriz" para ela. "Olha, será que ela é triste, será que é o contrário, será que é pintura o rosto da atriz?". Com os seus grandes e expressivos olhos castanhos, muito mais oblíquos do que os de Capitu, cada take é uma tela.

Wagner Moura se destaca por sua verdade absoluta. O ator está sempre inteiro e vibrante em seus personagens. Em "Romance" tenta lutar contra a paixão avassaladora que Ana lhe desperta e os caminhos que pretende dar para a sua carreira profissional. "Quem é apaixonado sofre... E gosta desse sofrimento!", declara Pedro por experiência própria.

Crédito: Divulgação Cena do filme "Romance" com Letícia Sabatella e o Wagner Moura
Cena do filme "Romance" com Letícia Sabatella e o Wagner Moura

Enriquecem muito o elenco do filme as atuações primorosas de José Wilker, como o grande executivo de TV debochado, manipulador e sem escrúpulos Danilo; Marco Nanini, brilhante como o astro talentoso, porém arrogante e egocêntrico, Rodolfo. E a não menos brilhante Andréa Beltrão, que vive a descolada produtora Fernanda –que disputa o amor de Orlando (Vladimir Brichta, também em boa atuação) com a bela Ana.

Para quem não tinha assistido no cinema e esperava um filme mais típico do diretor, pode ter havido um certo estranhamento, mas nunca uma decepção. "Este é um pouco diferente dos outros filmes que já fiz", declarara Arraes na época do seu lançamento. "Aqui, me inspiro nos filmes da nouvelle vague e de Domingos de Oliveira", concluiu.

Para o diretor de "Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro", trabalhos cujo foco principal era o humor, "Romance", como o próprio título já sugere, prioriza o coração apaixonado e suas consequências, a arte dentro da arte - sem perder a ironia branda e o deboche explícito, muito presentes nos personagens de Wilker e Beltrão.

"Olha, será que é uma estrela...será que é mentira, será que é comédia, será que é divina a vida da atriz?", continua a bela canção "Beatriz" que, para a ocasião e com toda a licença dos mestres Chico e Edu, bem poderia se chamar "Letícia".

A bela e o fera. Letícia Sabatella e Wagner Moura valem o "Romance".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias