Renato Kramer

Espírito de Natal baixa em "Amor à Vida" e vilões começam a se dar mal

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Houve comemorações nas redes sociais quando a doutora Amarilis (Danielle Winits) perdeu a guarda do bebê para o chef de cuisine Niko (Thiago Fragoso) em "Amor à Vida" (Globo), nesta segunda-feira (23).

Pelas manifestações de alguns internautas, que já chamavam a doutora dos cílios fartos de "Vacarilis", foi como se um anjo natalino exalasse um bafejo de justiça e esperança para o ser humano –tão desacreditado nas personas de "Amor à Vida".

Sim, porque não se pode dizer que haja um vilão na trama. Quase ninguém vale o que come nessa novela!

O que tem de criatura do mal nesse Hospital San Magno é impressionante. É médico tarado, assistente ninfomaníaca, enfermeira trambiqueira, doutor gigolô... Isso sem falar na médica assassina, a falecida Dra. Glauce (Leona Cavalli), e na perversa Dra. Amarilis.

Por essas e por outras é que esse repentino revertério nas manipulações maldosas da distinta doutora causou um certo alívio no telespectador, sedento que estava de que os seus planos malignos não dessem tão certo.


Foi constatado pelo exame de DNA que o filho que ela alegava ser dela e do capacho do Eron (Marcello Antony) não era de nenhum dos dois e sim do Niko e de uma doadora anônima. Outro ponto positivo para a questão da adoção gay no Brasil, por vezes ainda tão complexa.

Claro que a doutora testou ainda uma vez o seu poderoso rímel à prova d'água chorando muito na hora de devolver a criança. Mas ninguém ficou com pena dela. "Chupa, Amarilis", correu imediatamente nas redes sociais.

Para lavar a alma da torcida, Niko ainda comemorou jantando com o antigo poderoso vilão Félix (Mateus Solano) que acabou, quem diria, virando o bobo da corte da 25 de março –uma das ruas de maior movimento do comércio popular em São Paulo.

Tudo indica que Félix não deverá ter um destino tão avassalador quanto mereceria se continuasse mau como no início da novela. O que poderia ser pior para uma criatura como ele do que passar pelo que está passando?!

E quem sabe até um "amor está no ar" com Niko, feliz da vida que está por ter recuperado o seu filho e agradecido ao vilão por ter-lhe apoiado na sua batalha. "Você é muito bom", disse enfaticamente o chef para Félix. É certo que uma Odete Roitman (Beatriz Segall) jamais ouviu tal afirmação em relação a sua pessoa. E se ouvisse, certamente daria uma boa gargalhada e diria: "Essa gentinha, não tem o que inventar!"

Para o espírito de Natal se instaurar por completo em "Amor à Vida", falta a senhorita Aline (Vanessa Giácomo) e o folgado do Ninho (Juliano Cazarré) começarem a se dar mal. Aí sim, dentro do universo limitado e bastante inverossímil que foi instaurado na trama, pode-se vislumbrar uma esperança –mesmo que na ficção, de que ainda podemos botar fé no ser humano.

Como já disse Gilberto Gil: "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá!". Feliz Natal.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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