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Renato Kramer

"Pareço uma traveca?", brinca Marília Gabriela em "Gabi quase Proibida"

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O entrevistado desta quarta-feira (6) do "Gabi quase Proibida" (SBT) foi o ator transexual Leo Moreira Sá, 55, em cartaz no Teatro do Ator (SP) com a peça autobiográfica "Lou & Leo".

Ao ser questionado sobre o tipo de mulher que prefere, Leo respondeu sem titubear: "Tipo você!". E Gabi retrucou: "Porque eu pareço uma traveca?". Leo, que nasceu Lourdes Helena na cidade de São Simão (SP), teve um romance de dez anos com o travesti Gabriela Bionda.

Diretor da Associação Brasileira de Homens Trans, Leo fez uma mastectomia (retirada dos seios) há um ano, mas há vinte toma hormônios masculinos e hoje em dia a sua imagem --com barba e bigode-- é a de um homem perfeito.

"Ando tão feliz com a minha transformação que sexo no momento não é uma preocupação", declarou Leo. "Fiz várias tentativas para me adequar ao papel feminino, mas não era eu", confessou o ator que durante muito tempo foi pressionado pela sociedade como um todo para ser o que ele não sentia ser.

"Em que momento você descobriu que não era Lourdes Helena?", perguntou uma telespectadora. "Eu sempre fui menino. Na minha cabeça não havia questionamento. Eu era quem eu sou: aquele menino", respondeu Leo.

Crédito: Carol Soares/Divulgação/SBT "Gabi Quase Proibida" recebe o transexual Léo Moreira Sá
"Gabi Quase Proibida" recebe o transexual Léo Moreira Sá

Aos sete anos de idade, quando a mãe do ator tentou colocar-lhe uma saia para ir ao colégio, ele se deu conta de que algo estava fora do lugar: "Foi quando eu percebi que eu não era o que a sociedade queria que eu fosse".

"Nas brincadeiras infantis, os meninos tinham pirulito e você não, como era?, perguntou Gabi. "Engraçado, eu só achava que o meu era menor", respondeu Leo com bom humor. "E eu só andava com meninos. Na cidade só me chamavam de Zézinho!".

Nos anos 80, Leo entrou em Ciências Sociais na USP, tornou-se ativista político e participou do grupo de afirmação homossexual "Somos". Em seguida, com a saída das mulheres do grupo, Leo integrou a primeira instituição lesbo-feminista de que se tem notícia.

"Você vai botar um pênis?", quis saber Marília Gabriela. "Não", respondeu Leo. "Sabe por quê? Os resultados para esse procedimento, no mundo, ainda não são positivos. Então é um risco que eu acho que não quero correr. O mais importante para mim era fazer a mastectomia, tirar aqueles peitos que não me representavam", concluiu Leo.

"Hoje em dia eu sou quase um monge: eu não bebo, não fumo, não me drogo", confidenciou o ator. "Você fazia isso antes que eu sei", interpelou Gabi. "Nossa! Eu já enfiei o pé na jaca, que nem um louco", confessou Leo.

Em "Lou & Leo", sob a direção de Nelson Baskerville, o ator conta toda a sua trajetória, incluindo a sua participação como baterista da banda "As Mercenárias", o seu envolvimento com as drogas, a sua prisão durante cinco anos por tráfico e a sua redenção através do teatro.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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