Renato Kramer

Norma Bengell, a musa do cinema brasileiro, em "Sessão de Gala"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A "Sessão de Gala" (Globo) da madrugada desta segunda-feira (14) trouxe o clássico filme de Ruy Guerra "Os Cafajestes", estrelado por Jece Valadão, Daniel Filho e Norma Bengell.

Foi Daniel Filho quem fez a apresentação do filme, dando o merecido destaque para a presença da atriz que chegou a ser considerada a "musa do cinema brasileiro" pela revista francesa "Cahiers du Cinéma".

Na trama, Norma vive Leda --amante de um tio rico do playboy Vavá (Daniel Filho). Para tentar arrancar algum dinheiro do velho, Vavá junta-se ao "bon vivant" Jandir (Jece Valadão) e criam um plano canalha: atrair Leda para a praia e conseguir fotos dela nua para assim chantageá-lo.

A famosa e polêmica sequência em que Norma Bengell vaga nua pelas areias da Praia do Forte (Cabo Frio) causou problemas com a censura da época e o filme foi proibido em todo o território nacional. Essa cena é considerada o primeiro nu frontal do cinema brasileiro.

Ainda em 1962, "Os Cafajestes" foi indicado ao "Urso de Ouro", no Festival de Berlim (Alemanha). Com produção original em preto e branco, a presença marcante de Norma no filme trouxe-lhe a oportunidade de fazer carreira internacional.


A Leda de Bengell tem uma presença enigmática na tela, com um olhar sempre forte e cheio de intensidade. A química entre a atriz e o "adorável cafajeste" interpretado por Jece Valadão garantem o clima de sensualidade do filme. O comparsa Vavá, apesar das canalhices que apronta, é apaixonado por Vilma (Lucy de Barreto), que acaba ficando com Jandir na beira da praia, para desgosto do playboy.

Uma homenagem mais do que merecida à grande atriz e mulher de atitude Norma Bengell. É sempre triste perceber que, se a atriz tivesse alcançado a trajetória que alcançou em países que costumam valorizar os seus artistas, muito provavelmente teria sido muito mais valorizado o conjunto de sua obra (só no cinema foram 60 filmes) ainda em vida. O Brasil, por vezes, parece se acomodar em ser o país da homenagem póstuma.

Obrigado, Norma Bengell, R.I.P.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias