A segunda edição do reality "Mulheres Ricas" (Band) na verdade iniciou nesta segunda-feira (14). A estreia anunciada para semana passada passou batida. No último episódio, com a entrada triunfal da "poderosa Val", o programa realmente começou.

Digam o que disserem, torçam o nariz o quanto quiserem, mas "Mulheres Ricas" sem Marchiori é "Avenida Brasil" sem Carminha --é novela sem protagonista.

Claro que a socialite que se auto-denomina "the face of Rio" tem o seu "badalo". Mas mesmo a sua euforia exacerbada soa um tanto "fake". E ela fica procurando frases de efeito, quando esgota as suas costumeiras exclamações de "ai que..." alguma coisa. "Nós somos princesas do povo!", exclamou Narcisa ao encontrar-se com as outras quatro participantes do reality.

No episódio desta segunda-feira (14) o programa girou em torno da festa de aniversário que o amigo de Narcisa, Ricardo Rique, lhe ofereceu. "O 'crème de la crème' da sociedade carioca estava lá, porque a Narcisa tem prestígio!", ressaltou Rique. E acrescentou com orgulho, ao destacar a presença de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho no evento: "o Boni foi pai da Globo e pai do primeiro marido de Narcisa!".

E mais: Paulo Ricardo (RPM) foi quem puxou o "parabéns" de Tamborindeguy. "Quantos anos?", perguntou uma convidada ao chegar. "Eu não falo em idade", respondeu a "princesa de Copacabana". Falando em cantar, Aeileen Kunkel, a participante mais jovem do grupo que se auto-denomina "cantora", fez uma homenagem à Narcisa acompanhando-se ao violão.

"Mãe, ninguém olhou pra mim!", queixou-se a moça logo após o seu número. "Tava lindo, minha filha!", objetou a mãe com ênfase. Mãe é mãe. "Acho que a minha sociedade capixaba é mais educada que a sociedade carioca", concluiu a jovem decepcionada.

"A homenagem para Narcisa? Se eu pudesse eu deletava!", comentou Cozete Gomes, outra participante desta segunda edição, dona de uma casa de shows em São Paulo. É ela quem arrisca um certo esnobismo que também não soa natural.

A modelo (!) Mariana Mesquita, esposa do ex-jogador de futebol Luizão, tem um pé no "barraco" e vive levando bolo do marido, que marca e não aparece. A atriz e humorista Andréa de Nóbrega --ex de Carlos Alberto de Nóbrega-- tenta uma ostentação que também não convence muito. Faz questão de dizer o preço de coisas suas, mas sem o "savoir-faire" de uma Val.

"Eu gosto muito de tudo, sabe?!", diz Val Marchiori em seu camarim particular ao seu "personal" cabeleireiro e maquiador Dudinha. "Pega aquele macacão preto", pede ela ao seu fiel camareiro. "Aquele que só fica bem em quem é loura, alta, magra e linda!", e dá risada. Essa é Val Marchiori. Essa é a cara do "Mulheres Ricas".

Mas ela acaba preferindo um macacão vaporoso vermelho sangue, que lhe cai muito bem. "Macacão?!", comenta Cozete Gomes tentando derrubar a mais esfuziante das personagens. "Nossa, eu nunca vi uma mulher tão brega!", retruca La Marchiori com propriedade. "O vestidinho então...parece da 25 de Março [rua de comércio popular de São Paulo]! Credo, nem quando eu era pobrinha!!!", conclui Val sem deixar pedra sobre pedra.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"