Renato Kramer

Marcos Veras dá um show na peça "Atreva-se", de Jô Soares

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Era quase impossível "Atreva-se" não se tornar um bom espetáculo.

Partindo da ideia criativa e espirituosa do autor Maurício Guilherme em retratar personagens misteriosos, em uma trama totalmente improvável, no clima nebuloso do melhor estilo "cine noir".

E o time escalado para realizar o projeto foi uma verdadeira seleção de ouro: Maneco Quinderé na luz; Chris Aizner na cenografia; Fábio Namatame no figurino e Jô Soares na direção. Precisava mais?

Pois ainda tem muito mais! Um elenco primoroso, encabeçado pelo talentoso e carismático Marcos Veras.

Já tive a oportunidade aqui de salientar a qualidade do trabalho deste excelente ator e comediante. Desde a sua primeira aparição no "Zorra Total" (Globo) como o mafioso gay "Frescone", ao lado do grande Agildo Ribeiro, Marcos Veras já disse a que veio.

Em "Atreva-se" Veras está simplesmente brilhante. É engraçado no ponto, sem exageros e grandes esforços. A graça flui do ator naturalmente: em sua expressão, em seus movimentos e em seu tempo de comédia perfeito. É impossível desgrudar os olhos do ator enquanto ele está em cena.

Crédito: Lenise Pinheiro/Folhapress Marcos Veras (à esq.), Julia Rabello (de chapéu), Carol Martin e Mariana Santos (à dir.) em cena da peça "Atreva-se"
Marcos Veras (esq.), Julia Rabello (de chapéu), Carol Martin e Mariana Santos (dir.) em cena da peça "Atreva-se"

Júlia Rabello, esposa do ator, preenche o palco com a exuberância e a intensidade de sua presença cênica e a jovem Carol Martin ajuda a compor este casting de primeira linha.

Mas ainda não é tudo. Tem a também excelente participação de Mariana Santos junto à plateia, fazendo as vezes da "lanterninha" dos antigos cinemas.

Com o seu talento cômico já comprovado e aprovado no mesmo "Zorra Total", em diversos personagens, a atriz encarrega-se de anunciar e explicar as cenas que vamos assistir.

De um jeito todo particular seu, é claro. "Vocês acham que eu pareço uma paquita velha?!", pergunta ela com a sua divertida verve tragicômica.

E mais uma vez a peça ganha brilho e magia: Mariana faz um espetáculo à parte, com suas tiradas espirituosas, sua agilidade, inteligência e elegância, e uma boa dose de adorável malícia. Uma verdadeira show-woman, que interage com a plateia sem perder o ritmo, muito menos o fio da meada.

Humor refinado, inteligente e espirituoso realizado por gente talentosa, numa belíssima produção, sob a batuta do mestre Jô Soares. Em São Paulo, no Teatro das Artes (shopping Eldorado), só até 25 de novembro. Imperdível!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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