Marcos Veras dá um show na peça "Atreva-se", de Jô Soares
Era quase impossível "Atreva-se" não se tornar um bom espetáculo.
Partindo da ideia criativa e espirituosa do autor Maurício Guilherme em retratar personagens misteriosos, em uma trama totalmente improvável, no clima nebuloso do melhor estilo "cine noir".
E o time escalado para realizar o projeto foi uma verdadeira seleção de ouro: Maneco Quinderé na luz; Chris Aizner na cenografia; Fábio Namatame no figurino e Jô Soares na direção. Precisava mais?
Pois ainda tem muito mais! Um elenco primoroso, encabeçado pelo talentoso e carismático Marcos Veras.
Já tive a oportunidade aqui de salientar a qualidade do trabalho deste excelente ator e comediante. Desde a sua primeira aparição no "Zorra Total" (Globo) como o mafioso gay "Frescone", ao lado do grande Agildo Ribeiro, Marcos Veras já disse a que veio.
Em "Atreva-se" Veras está simplesmente brilhante. É engraçado no ponto, sem exageros e grandes esforços. A graça flui do ator naturalmente: em sua expressão, em seus movimentos e em seu tempo de comédia perfeito. É impossível desgrudar os olhos do ator enquanto ele está em cena.
Júlia Rabello, esposa do ator, preenche o palco com a exuberância e a intensidade de sua presença cênica e a jovem Carol Martin ajuda a compor este casting de primeira linha.
Mas ainda não é tudo. Tem a também excelente participação de Mariana Santos junto à plateia, fazendo as vezes da "lanterninha" dos antigos cinemas.
Com o seu talento cômico já comprovado e aprovado no mesmo "Zorra Total", em diversos personagens, a atriz encarrega-se de anunciar e explicar as cenas que vamos assistir.
De um jeito todo particular seu, é claro. "Vocês acham que eu pareço uma paquita velha?!", pergunta ela com a sua divertida verve tragicômica.
E mais uma vez a peça ganha brilho e magia: Mariana faz um espetáculo à parte, com suas tiradas espirituosas, sua agilidade, inteligência e elegância, e uma boa dose de adorável malícia. Uma verdadeira show-woman, que interage com a plateia sem perder o ritmo, muito menos o fio da meada.
Humor refinado, inteligente e espirituoso realizado por gente talentosa, numa belíssima produção, sob a batuta do mestre Jô Soares. Em São Paulo, no Teatro das Artes (shopping Eldorado), só até 25 de novembro. Imperdível!
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