"Avenida Brasil": Ainda bem que é ficção!
É impressão minha ou ninguém presta na novela "Avenida Brasil" (Rede Globo)? Os homens ou são canalhas, ou malandros ou pilantras. As mulheres ou são 'piriguetes', ou interesseiras ou mau caráter! Bota gentalha nisso!
Nem o casal protagonista, que poderia ser a salvação da lavoura, escapa muito do contexto geral. Ele, Jorginho (Cauã Reymond), é um fraco, que está quase se casando com uma moça (Débora, Nathalia Dill) de quem não gosta e se borra todo ao ter que enfrentar a perversa Carminha (Adriana Esteves). Ela, Nina (Débora Falabella), só tem a maldita vingança na cabeça. E é daí para pior.
Parece que o único personagem íntegro e 'do bem' era mesmo Genésio (Tony Ramos), que morreu nos primeiros capítulos. Talvez fosse o caso de ressuscitá-lo para dar uma equilibrada na 'qualidade humana' dos personagens. Tudo bem que todo o mundo conhece gente assim. Nenhum dos tipos presentes na trama são tirados do 'além'. São humanos e, feliz ou infelizmente, muito conhecidos de todos nós. Mas não precisava reuni-los todos numa só novela!
Nem os tipos mais maduros servem como exemplo para ninguém. A 'mãe Lucinda' (Vera Holtz), que até ajuda algumas crianças desamparadas, não tem uma ficha criminal das mais exemplares. O tal do 'véio' Nilo (José de Abreu) não vale o que come.
E o desfile de 'tranqueiras' flui: Tufão (Murilo Benício) é um 'bon vivant' que não percebeu até hoje o naipe da mulher com a qual se casou. Verônica (Débora Bloch), Noêmia (Camila Morgado) e Alexia (Carolina Ferraz) são casadas com o mesmo marido, o adorável cafajeste Cadinho (Alexandre Borges) e nem desconfiam - ou seja, um bom pilantra e três parvas.
Muricy (Eliane Giardini), mãe de Tufão, é uma cobra peçonhenta. O marido Leleco (Marcos Caruso) é um ser que resolve tudo na porrada. Monalisa (Heloisa Perissé) é uma 'surtada' e o namorado Paulo (Ailton Graça), um cachorrinho que come na sua mão. Max (Marcello Novaes) é um oportunista de marca e Suelen (Ísis Valverde)...essa então é inqualificável!
Tudo bem que eu sou do tempo em que a protagonista era adorável e íntegra, vivida sempre pela encantadora Regina Duarte; os protagonistas eram 'homens de bem' vividos por Cláudio Marzo, Francisco Cuoco ou o próprio Tony Ramos. Os tempos mudaram, eu sei. Costumávamos dizer: 'a vida imita a arte'. Será que agora é a arte que está imitando a vida? Teria sido nisso que nos tornamos?
É um tal de querer passar por cima do outro para se dar bem, no pior dos sentidos. É gente que mata para ficar com a herança, casa-se só para ficar rico e deixa o amor de lado para objetivar uma vingança. Credo, 'que gente boa'. Ainda bem que é ficção! Independentemente desse universo humano 'feio, sujo e malvado', a dramaturgia de 'Avenida Brasil' é bem elaborada. A direção é ágil e precisa no ritmo das cenas. E o que salva esse bando de 'personagens desalmados' é que os atores os defendem com unhas e dentes e, na sua grande maioria, com grande talento.
Mesmo assim, podíamos fazer uma campanha: volta Genésio!
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