Renato Kramer

Como é grande o nosso amor por você, Roberto Carlos!

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Existem mil garotas querendo passear comigo", afirmava o jovem cantor do 'yê, yê, yê' brasileiro no início dos anos sessenta. "Mas é tudo por causa do calhambeque, mora!", concluía ele em "O Calhambeque" (Road Hog - John e Gwen Loudermilk - versão de Erasmo Carlos), num misto de modéstia e sedução.

Sedução esta que acompanha o cantor Roberto Carlos até os nossos dias. Hoje é aniversário do rei. Os dois shows que ele fará hoje e amanhã no Maracanãzinho (Rio de Janeiro) estão com ingressos esgotados há muito tempo. Segundo Eduardo Lajes, o seu maestro há mais de trinta anos, é o jeito que o rei mais gosta de passar os seus aniversários: no palco.

E quem não foi seduzido pelo carisma desse cantor de voz suave que, já no disco de 1963, fazia as meninas delirarem ao confessar "Quero me casar contigo" (Carlos Alberto - Adilson Silva - Cláudio Moreno)? Com uma de suas primeiras de tantas parcerias com o que viria a ser o 'seu amigo de fé, seu irmão camarada' Erasmo Carlos em "Parei na Contramão"? E quem não sucumbiu ao charme do jovem cantor, já estourando nas paradas de sucesso com outra versão de Erasmo, quando ganhou o Brasil com a deliciosa "Splish, Splash"?

Grande Roberto! ´"É Proibido Fumar", dele e de Erasmo, deu nome ao disco de 1964, onde encontrávamos "O Calhambeque". Em 1965, com o advento do programa 'Jovem Guarda', na TV Record, o reinado então se estabeleceu de vez. Foi lançado "Roberto Carlos Canta Para a Juventude".E a doçura do cantor tímido de olhar triste ganhou força com canções como "Parei...Olhei" (Roberto Carlos), "Aquele Beijo Que Te Dei" (Édson Ribeiro), "A Garota do Baile" e "Não Quero Ver Você Triste" (ambas de Roberto e Erasmo Carlos).

"O que é que você tem? Conta pra mim... não quero ver você triste assim", dizia o jovem cantor nesta última canção citada, quase sussurrando, já acalentando milhares de corações que o seguiriam sempre fiéis, chegando a muito mais de 'um milhão de amigos' que o rei confessou desejar ter um dia, em outra de suas canções.

Ainda no ano de 1965, com o sucesso repentino e estrondoso da 'Jovem Guarda', o então eleito "Rei da Juventude" lançou outro disco, ultrapassando a sua própria timidez e impondo-se como lider da sua geração. "Quero que vá tudo pro inferno" (Roberto e Erasmo Carlos) foi o carro chefe deste outro disco, e mostrava a todos que o jovem de origem humilde e de canções suaves também sabia gritar ao mundo a sua dor. Resultado: primeiríssimo lugar em todo o Brasil.

È desse mesmo disco o seu sucesso "Lobo Mau" (The Wanderer - Ernest Mareska - versão: Hamilton Di Giorgio), no qual desmancha um pouco a sua imagem de 'bom moço', afirmando ser 'do tipo que não gosta de casamento - me chamam lobo mau, me chamam lobo mau - eu sou o tal, o tal, o tal, o tal...". Mal sabia ele o quanto ele seria mesmo considerado 'o tal'.

Mas logo em seguida voltou a prometer o céu para as garotas que já eram perdidamente apaixonadas por Roberto Carlos. "Eu te darei o céu meu bem, e o meu amor também" (Eu Te Darei O Céu - Roberto e Erasmo Carlos), 1966. Pronto, Roberto não precisava dizer mais nada. A sua voz envolvente ganhava mais e mais fãs Brasil afora. Para arrematar, no mesmo disco, o cantor ainda cantava "Eu estou apaixonado por você" (também dele e de Erasmo). Todas as meninas juravam que ele cantava para cada uma delas! E pior, retomando o seu sempre convincente "Ar De Moço Bom" (Niquinho - Othon Russo).

Se até aí Roberto Carlos já tornara-se o "Rei da Juventude", coroado por sua mãe Lady Laura num programa do Velho Guerreiro (Chacrinha) e tudo, falar do que veio logo a seguir é chover no molhado. O disco de 1967, "Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura", que deu nome ao seu primeiro longa, foi executado à exaustão, faixa por faixa - uma mais linda do que a outra. O rei até tentou despistar, declarando "Eu Sou Terrível" (Roberto e Erasmo Carlos); "Você Não Serve Pra Mim" (Renato Barros)...mas não adiantava mais. Tornara-se o ídolo número um do Brasil. E, ainda por cima, soltou neste mesmo disco "Como É Grande O Meu Amor Por Você" , de sua autoria. Não foi à toa que o seu disco seguinte foi chamado de "O Inimitável" (1968).

Tantos anos se passaram... "são tantas emoções", como o próprio rei costuma dizer. Só podemos constatar que o feitiço virou contra o feiticeiro, e somos nós que temos que lhe dizer: "como é grande o nosso amor por você", Roberto Carlos! Obrigado pelo universo de lindas canções que você já fez para nós. Parabéns, do fundo dos nossos corações. Vida longa ao rei!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias