Renato Kramer

"Pânico na Band": zoando a qualquer custo!

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O que é que te faz rir? Se for 'sacanear' os colegas, colocá-los em situações limites, fazê-los comer areia, beber água suja e, de sobremesa, comer uma mousse de chocolate com baratas --pronto, você está na sua praia: "Pânico na Band" faz tudo isso e muito mais.

Humor é como gosto: cada um tem o seu. De nada adiantaria ficar argumentando e esmiuçando o estilo de humor deste ou daquele programa. Ou ele será do seu agrado ou não. E com o "Pânico" acontece exatamente isso. É radical e, dentro do estilo, ninguém faz melhor.

"Eles são apelativos", teria declarado a atriz Íris Bruzzi, que foi a primeira e mais bela Ofélia, a mulher de Fernandinho (Lúcio Mauro), aquela que 'só abre a boca quando tem certeza'. Ao ser interpelada pelos repórteres do 'Pânico', numa paródia ao CQC, Íris desabafa ao 'inimigo': "vocês (CQC) respeitam as pessoas...e eles (Pânico) agora estão lá (Band) junto com vocês!", alertou-os ela que já foi uma de nossas mais lindas vedetes (atualmente em 'Máscaras" - Record), sem perceber que entregava o ouro aos bandidos.

Apelativos? São mesmo. Mas não seria exatamente disso que o público deles, que não é nada pequeno, adora? A 'turma do Bolinha' se diverte, se machuca por vezes, arrega frente algumas provas e continuam a curtir o programa como se fossem os colegas de turma do colégio, aqueles que sentam lá atrás e ficam zoando meio mundo.

Alguns artistas se sentem desrespeitados. A edição faz 'gato e sapato' das entrevistas. Compara a pessoa com quem bem entende, acrescenta nariz de palhaço, dentadura, peruca e o que quer que lhe dê na telha. Humor sem limite.Você não gosta? Use o controle da TV. Desista. Eles não vão mudar. Vão continuar aprimorando o seu estilo. Pois não é assim que fazem sucesso há tantos anos, mesmo no rádio, muito antes da televisão?

Eu sinceramente sou de uma outra escola. Sempre fui fã dos programas do Chico Anysio, do Jô Soares. Alguns dirão que é um 'humor antigo'. Eu concordo plenamente com o mestre Chico, que infelizmente nos deixou há pouco tempo: "não existe humor velho e humor novo. Existe humor engraçado e humor sem graça!".

E aí volta-se à questão inicial: 'o que é que te faz rir?'. Não se pode dizer que é melhor ou pior do que o que me faz rir. É diferente, intransferível e muito pessoal.
"Por isso que vocês são odiados --vocês do Pânico!", ironiza o apresentador Emílio Surita. "Mas nós fazemos coisas boas também".

A apresentadora Sabrina Sato foi ao encontro da família de um dos vídeos mais acessados recentemente no YouTube: "Para Nossa Alegria". Descobriu que, junto ao 'oba, oba' da cantoria divertida e desafinada, existe uma família em apuros e a produção resolveu criar uma forma de ajudá-los.

Para tal, deverão acionar ninguém mais, ninguém menos do que "As Mulheres Ricas". Muito provavelmente uma boa estratégia do novo diretor artístico da Band para não só valorizar o produto da casa, como preparar o espírito do público para a sequência do reality que 'causou' enquanto estava no ar. Pois que seja. Ajudar qualquer ser humano que esteja necessitado é sempre uma boa ideia. Nestes casos específicos, não importam muito os fins, importam os meios mesmo.

Falando nas 'mulheres ricas', não mais do que de repente aparece a poderosa Val num comercial de uma marca de cerveja que patrocina o programa. "E eu que sou rica e gostosa?" é a fala da personagem preferida que a socialite faz no comercial: Val Marchiori, por ela mesma --"linda, loura e magra!".

Afora o time de personagens já consagrados, há que se destacar o 'Tucano Huck' de Daniel Zukerman; o 'Boris' (Casoy) do Carioca e o 'Otário Mesquita' de Guilherme Santana. Claro que o verdadeiro destaque do programa continua sendo as famosas 'panicats'. O time está sendo reestruturado. Emílio Surita adverte: "as panicats são loucas para ficar ricas e famosas - todas querem ser uma Sabrina Sato. Mas pra isso tem um preço...". A Babi, única veterana, que o diga. Foi levada para a gravação de um ensaio sensual e não foi utilizada. Chiou feio. A assistente saiu do quarto da moça avisando o produtor: "ela tá possuída!". Ele: "mas ela é velha mesmo, carne nova é o que interessa!".

Sem dúvida é o que mais deve interessar ao público jovem e adolescente que muito provavelmente são os maiores fãs do "Pânico". "Vocês acharam elas simpáticas?", pergunta Emílio, enquanto as câmeras mostram os generosos glúteos das moças em super close. É bem verdade que a simpatia pode mesmo advir com os anos... (tá certo, essa foi bem cretina!).

"Pânico na Band" --ame-o ou deixe-o!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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