Renato Kramer

Elis Regina: o brilho que não se apaga

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Eu sou normal... as pessoas são normais!", declarara a cantora Elis Regina numa entrevista feita em sua casa, com a então pequena Maria Rita ao seu lado.

O programa "Claquete" (Band) desta segunda-feira foi quase todo dedicado à memória da grande cantora brasileira. Otávio Mesquita recebeu o primogênito de Elis Regina, João Marcello Bôscoli.

João Marcello está organizando o projeto "Viva Elis", que consta de show, exposição, livro e documentário para homenagear a cantora gaúcha nos trinta anos de sua partida.

"Hoje ela teria 67 anos... o que ela estaria fazendo?", perguntou Mesquita. "É muito difícil saber", respondeu João Marcello, "ela estava sempre em busca do novo".

"O que eu mais gosto na Elis é como ela brinca com as palavras quando canta...com a harmonia, com o ritmo", declarou o cantor Milton Nascimento - fã confesso da 'Pimentinha', como era chamada a cantora.

O apresentador Otávio Mesquita não cabia em si de emoção em rever junto a João Marcello alguns flashes da carreira de uma das melhores cantoras que o Brasil conheceu. No telão via-se Elis com Adoniran Barbosa, cantando "Iracema", do próprio Adoniran. Elis e Tom Jobim, no maravilhoso dueto em "Águas de Março", gravado em Los Angeles. Elis e Chico Buarque de Hollanda. E assim por diante. A nata da MPB.

"Que coisa incrível eu entrevistar o cara que saiu de dentro da barriga dessa mulher!", exclamou Mesquita que não se continha. João Marcello, muito educado e simpático, só sorria. "Olha ali o sorriso da 'Pimentinha', olha aqui o sorriso do 'Pimentão'!", comparou o apresentador apontando para Elis no telão e para João Marcello ao seu lado, com o seu costumeiro jeito estapafúrdio de ser.

No vídeo, Elis se apresentava no show que inaugurou o antigo Teatro Bandeirantes: 'Falso Brilhante'. Jóia rara. Nada falso. Puro brilhante. "Ficou um ano e sete meses em cartaz", comentou João Marcello. "Elis só parou de fazer para ter a Maria Rita", contou o filho mais velho da cantora.

"Maria Rita era pra ser o Thiago", confidencia ele. "Minha mãe tinha certeza de que era menino, e veio a Maria Rita!". "Ela tinha de quatro para cinco anos quando Elis morreu", lembrou o rapaz. No show, que deve chegar a São Paulo no dia 22 do corrente, a cantora Maria Rita interpreta trinta canções eternizadas na incomparável interpretação de sua mãe. "Ela não interpretava, ela vivia as canções", declara João Marcello.

Teria Elis Regina sofrido com os horrores da ditadura? "Ficamos quatro anos sem telefone em casa", conta ele. "Grampeado pela 'ditadura'". "E ela teria sido presa?", quer saber o fã Otávio Mesquita. "Elis foi parar diversas vezes na delegacia", conta o entrevistado especial. "Mas ela era conhecida demais para ser presa", argumenta ele. "Elis foi a primeira artista brasileira a vender um milhão de cópias", informa o filho e organizador do projeto "Viva Elis".

O show de Maria Rita, revivendo os sucessos da mãe Elis Regina, começou a sua turnê em Porto Alegre, terra natal da homenageada, passou por Recife recentemente e estará em Belo Horizonte no próximo dia 8 de abril, no Parque das Mangabeiras (às 16h). Chegará a São Paulo no dia 22 de abril (Auditório do Ibirapuera, às 11h) e no Rio de Janeiro dia 29 de abril (Aterro do Flamengo, às 16h). Entrada gratuita. Detalhes do "Viva Elis" no site da Nivea

Elis é estrela de eterno brilho. Ao ver os discos de ouro e os troféus recebidos pela mãe jogados no canil da sua casa na Cantareira (SP), o então pequeno João Marcello foi correndo contar para Elis, com medo que lhe pusessem a culpa. "Não fui eu, mãe!", disse o menino assustado. "Fui eu, meu filho", disse-lhe Elis tranquilamente. "Disco de ouro e troféu não tem importância nenhuma, filho... o importante é estar fazendo!", ensinou-lhe a mãe e maior cantora brasileira de todos os tempos.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias