Renato Kramer

Em "Força Tarefa" a polícia rouba mais do que ladrão

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Ainda bem que é ficção. Senão, teríamos bons motivos para ficarmos amedrontados.

O episódio de ontem de "Força Tarefa" começa numa belíssima e tranquila festa, onde pessoas aparentemente bem sucedidas se divertem e aproveitam ao máximo. Foco em um casal que sai da festa e pega o seu bom carro para ir-se embora. Do nada, aparecem assaltantes mascarados que - sorte a deles! - lhes arrancam do carro e fogem.

Mais sorte ainda - doce ilusão deles e dos espectadores --aparece imediatamente uma viatura da polícia, que os recolhe da rua, assustados, mas agora um tanto aliviados. Sentados no banco de trás, o casal começa a estranhar o caminho um tanto ermo que os policiais fazem. 'Tem alguma delegacia por aqui?", perguntam inocentemente.

Ao chegarem a um grande descampado, são forçados a descer e literalmente 'depenados' pelos até então seus 'salvadores'. Entre outras coisas, roubam o relógio Bulgari da mulher, avaliado em dez mil dólares.

É esse o 'quadro' que o coronel Caetano (Milton Gonçalves) vai entregar nas mãos do capitão Wilson (Murilo Benício) e sua equipe. Enquanto se reúnem para saber do ocorrido e discutir estratégias, recebem a informação de que mais dois casais foram assaltados por uma viatura policial naquela mesma noite, naquela mesma região.

O capitão Wilson, acompanhado do sargento (ou seria 'sargenta', agora que tem a 'presidenta'?!) Lidiane, resolve procurar o seu 'parceiro' Samuca (Nando Cunha), que tudo sabe e tudo viu, mas sobre esse assalto ele parece não poder ajudá-los. "Bem, se você souber de um relógio Bulgari roubado, avisa!", lhe pede Lidiane com ar sedutor. "Não só aviso como compro ele pra você", responde Samuca todo garboso.

É quando a 'quadrilha da polícia' ataca novamente. Desta vez em uma grande festa oferecida pelo Dr.Varela (Giacomo Pinotti) e sua esposa Vivian (Mayana Moura). Aí então os 'bandidos uniformizados' fazem a festa realmente. Conseguem recolher jóias e objetos pessoais no valor de quase setecentos mil reais. Sem contar com o elegante vestido de 'altíssima' costura que Vivian envergava. E que vexatoriamente foi obrigada a despir na frente de todos os seus convidados. Como se ainda não bastasse, teve que ouvir calada o deboche do 'meliante': "vou levar, ela vai gostar desse pano".

Acontece que o Dr. Varela é o médico particular do governador, então o caso fica mais 'cabeludo', digamos. Para que tudo seja resolvido o mais rápido possível é destacado o Major Alencar (Giulio Lopes), que deixa bem claro ao coronel Caetano sobre a importância dos envolvidos. Um paparazzo havia feito algumas fotos, mas os falsos policiais aparecem apenas de costas. Entretanto o número da viatura em que estavam aparece claramente.

Em meio a isso, o improvável acontece. O capitão Wilson percebe que está sendo seguido no super mercado e surpreende o sujeito, que confessa ser um detetive particular, contratado por sua mulher Jaqueline (Fabíula Nascimento). Wilson volta para casa como um raio e, enquanto discute o absurdo da situação, arruma as suas coisas e cai fora.

Os policiais que utilizavam a tal viatura identificada pela foto, obviamente, não eram os 'bandidos'. A 'quadrilha' a teria pego emprestada ou talvez 'clonado' a mesma. A equipe resolve então cercar o 'bufê' que servira a festa do Dr. Varela. Desta vez é o tenente Demétrio (Eucir de Souza) quem o acompanha. No 'bufê', desconfiam da gerente e o capitão pede ao tenente que fique por lá levantando alguns dados. Uma bela jovem, assistente do local, oferece docinhos e é toda gentil com o tenente Demétrio. Pois é no pulso dela que mais tarde ele vai descobrir o Bulgari de dez mil dólares e desvendar todo o fio da meada.

Uma nova grande festa se inicia e lá vem a 'gang da polícia' fazer o seu 'trabalho'. Entram e, quando vão dar voz de assalto, são surpreendidos pelo capitão Wilson e sua equipe, que os esperavam numa tocaia. Na saída, todo de black-tie alugado, o capitão Wilson aceita a companhia do sargento Lidiane para a noitada.

Em tempo: descobre-se que a 'quadrilha' era formada por ex-policiais corruptos. Credo. Ainda bem que é ficção.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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