Celebridades

'Ter feito um comentário infeliz não me faz um criminoso', diz Alexandre Nero

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Alexandre Nero, 44, se defendeu dos ataques que vem sofrendo desde que no último dia 12 publicou em uma rede social uma imagem em que aparece montado em uma bezerra.

Na ocasião, ela escreveu na legenda: "Eu e minha primeira namorada, num passado distante onde fui apresentado ao amor, à natureza e zoofilia".

A partir daí, o ator passou a receber comentários negativos nas redes sociais, entre os quais o da apresentadora e ativista da causa animal Luisa Mell, 36.

Em outra rede social, o intérprete do José Alfredo de "Império" (Globo) admite que lhe faltou "bom senso" ao escrever a legenda da foto e diz que jamais imaginou que ela seria interpretada ao pé da letra.

Ele disse ainda que está sendo atacado com "uma fúria descabida" pelos defensores dos animais, que o chamaram de "monstro" e "lixo humano", entre outros.

"Qual seria a diferença da violência desses seres humanos para os que cometem os crimes de maus tratos aos animais que eles tanto lutam contra?", questionou.

"Todos têm o direito de não gostarem do que escrevi, acharem que fui infeliz na legenda, ou que fiz uma 'piadinha' sem graça, inclusive muitos amigos meus acham mesmo que fui infeliz no comentário, são pontos de vista, mas me difamar e sair aos quatro cantos gritando que cometo ou fiz apologia à zoofilia ou violência contra animais, isso não."

O ator lembrou ainda uma outra publicação sua, feita em abril de 2013, dando uma lição de moral sobre homofobia a uma fã.

"Essa garota foi brutalmente atacada por esses 'seres do bem' e teve que apagar a sua conta na rede", contou.

Ele reclamou de que outro post, em que dizia que não era com linchamentos virtuais que se mudaria a maneira dos outros pensarem, teve bem menos repercussão.

Nero defendeu ainda que "agressões servem apenas para intimidar opiniões".



Leia abaixo a íntegra do desabafo de Alexandre Nero

"Foram me chamar? Eu estou aqui, o que é que há?"

Uso as redes sociais para brincar, mas se querem falar sério, então vamos lá:

Ahhhhhh o bom senso. Quem já nunca ouviu a frase "basta ter bom senso"?

Essa seria, na teoria, a solução para se viver em sociedade. Mas se existisse o "bom senso" e ainda mais, se ele fosse comum a todos, não precisaríamos de leis. Leis servem pra isso, para reger o que a sociedade determina, através de seus eleitos, o que seja considerado correto e o que não. Mesmo sabendo de tudo isso, mesmo sabendo o senso comum do que a maioria pensa e a lei emprega, às vezes, como sal ou açúcar em uma receita, erramos a dose. Erramos porque somos falíveis. Esse é o ser humano. Esse sou eu. Esse é você. E, sim, agora depois de refletir sobre a famigerada legenda que postei em meu Instagram, e que desencadeou todo esse buxixo e revolta de alguns, percebo que me faltou uma certa dose de bom senso, pois não me passou pela cabeça que pessoas poderiam entender aquilo ao pé da letra e/ou com maldade de minha parte. Mas não estou só na "ausência de bom senso", pois a outra parte, que se diz defensora dos animais, interpretou erroneamente a foto e a legenda, e a divulgou assim, fazendo com que seus seguidores (quase súditos) me atacassem com uma fúria descabida, tal qual um leão ataca sua presa para saciar sua fome, a ponto de me perguntar: Qual seria a diferença da violência desses seres humanos para os que cometem os crimes de maus tratos aos animais que eles tanto lutam contra?

É claro que não pretendo aqui ser leviano e tratar isso de maneira genérica, por isso emprego a palavra "alguns", creio que a maioria desses ataques partam de "militantes" facilmente influenciáveis, que leem apenas uma manchete, quando muito algumas linhas, entendem um texto de maneira primária, acreditam em qualquer notícia sem ao menos questionar a fonte ou a veracidade e antes mesmo de pensar sobre, saem atirando pedras. É isso que chamo de "massa", ou "gado", se os verdadeiros ruminantes não se sentirem ofendidos. Pessoas e instituições sérias não fazem esse tipo de ataque fugaz e rasteiro, pois sabem que esse tipo de atitude apenas mascara o real problema. Essas manifestações não levam a nada, a não ser ao medo de se manifestar. Entendo que alguns desses vejam em mim o cara certo para "se fazer dar exemplo", mas erram feio tendo esse raciocínio. Todos sabemos que foi uma brincadeira, que nunca pratiquei o ato, que jamais tive a intenção de enaltecer a violência contra animais, e ter feito um comentário infeliz não me faz um criminoso. Enquanto isso, em vésperas de eleição, esses poderiam estar usando essa energia para pressionar governantes para um posicionamento e uma melhor e mais eficiente fiscalização sobre a causa que defendem. Se os ataques que recebi fossem transformados em cobrança aos seus representantes na câmara dos vereadores, deputados e senadores, aposto que seria muito mais eficiente, do que atacar virtualmente um "atorzinho de TV medíocre que fez um comentário infeliz".

Não escrevo aqui para convencer ninguém de nada, mas para que as MENTIRAS sejam esclarecidas. Se você não gosta de mim, me acha um monstro, um lixo humano (algumas das doçuras que li) certamente não será esse texto que irá fazê-lo mudar de opinião. Escrevo para me proteger das calúnias que gente de má-fé anda inventando sobre essa história. Cheguei a saber de pessoas que "ouviram dizer que eu havia feito sexo com animais quando era criança". Ora, ora... poupe-me do SEU MAU TRATO COM O SER HUMANO. Tiraram de contexto uma foto de um menino de 10/12 anos, que era EU nos anos 80, quando o computador ainda era apenas uma ficção científica. Não se pode descontextualizar um episódio e coloca-lo fora de sua época e local. Isso é ignorância (ato de ignorar) ou pior, desonestidade intelectual. Todos têm o direito de não gostarem do que escrevi, acharem que fui infeliz na legenda, ou que fiz uma "piadinha" sem graça, inclusive muitos amigos meus acham mesmo que fui infeliz no comentário, são pontos de vista, mas me DIFAMAR e sair aos quatro cantos gritando que cometo ou fiz apologia à zoofilia ou violência contra animais, isso não.

Há um tempo respondi a uma moça, que não compactuava da ideia que o beijo entre gays pudesse acontecer em local público, e o que escrevi a ela teve uma repercussão enorme na internet e na imprensa.

Essa garota foi brutalmente atacada por esses "seres do bem" e teve que apagar a sua conta na rede. Logo após o ocorrido escrevi outro post dizendo que não são com ataques/bullyings/linchamentos virtuais que mudaríamos a maneira dela ou de outros pensarem assim. Agressões servem apenas para intimidar opiniões. Esse post repercutiu infinitamente menos do que o outro.

É uma curiosidade nas redes sociais... quando se fala de tolerância e amor ao próximo repercute menos do que intolerância e ódio, mesmo não sendo proposital. Acredito que se queremos mesmo mudar algo temos que ser pacientes, generosos e educadores. São com argumentos, exemplos e longa conversa e debate que vagarosamente transformamos uma CULTURA.

Racismo, homofobia, zoofilia, xenofobia, machismo, sexo sadio e seguro, intolerância religiosa são culturas enraizadas em nós, algo que trazemos da convivência que tivemos entre amigos e familiares, e está impregnado em baixo de nossas unhas, entre nossas coxas, muito mais forte que um chip de computador. Mesmo querendo, demora tempo para reformularmos as ideias, imagina quem não quer ou nem pensa sobre? Não será no grito! Não será atacando a família da garota que foi homofóbica sem perceber que havia sido, ou colocando fogo na casa da torcedora racista do grêmio que faremos as pessoas PENSAREM E REFLETIREM sobre seus atos. Isso apenas dará medo ou mais raiva aos envolvidos, e não acredito que possamos melhorar algo numa sociedade baseada nesses dois pilares.

Quando falamos que o país precisa de EDUCAÇÃO (e todos falamos), não podemos achar que isso é apenas um dever do estado, e que isso se resolve com escolas e estudo. Para se ter educação não bastam professores, é preciso que TODOS SEJAMOS EDUCADORES, e educadores não trabalham com palmatória.

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