Celebridades

"Ser drag queen, hoje, é um ato político", afirma Ru Paul

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Maquiada dos pés a cabeça, a transformista, drag queen, travesti ou como você quiser chamá-la, Ru Paul, volta à cena na sexta temporada do seu "Ru Paul's Drag Race" (ou "batalha drag de Ru Paul"), em fevereiro, no canal americano Logo.

Para além da figura excêntrica que julga a cada temporada do programa a montação de 14 garotas aspirantes a "queen", está um dos maiores ícones da cena noturna nova-iorquina dos anos 1990 e figura central da promoção do combate a Aids nos EUA.

Depois de lançar, em 1992, uma parceria com a grife de cosméticos M.A.C que viria a se tornar um projeto bem-sucedido de arrecadação de fundos para estudos da vacina anti-HIV –US$ 250 milhões já foram levantados com as vendas dos produtos–, Ru Paul voltou como garota propaganda do mesmo projeto, o Viva Glam!.

O glamour, aliás, é um dos assuntos que o californiano RuPaul Andre Charles, 53, mais gosta de falar, e que permeou parte da entrevista exclusiva que concedeu à Folha.

Crédito: Divulgação A drag americana Ru Paul
A drag americana Ru Paul


Folha - Você costuma exaltar em seu programa uma vida baseada no glamour. Falta glamour na vida das pessoas?
RuPaul - Durante a administração do [ex-presidente americano, George W.] Bush estava tudo muito chato. Os EUA pareciam sem vida e tristes. A sociedade americana é como uma balança. Após [os atentados de] 11 de setembro, o conservadorismo tomou conta do país e, agora, tudo está melhor. Mas em algum momento a caretice deve voltar.

Há algum remédio anti-caretice?
É muito importante gargalhar, rir alto mesmo, e usar cores e texturas no dia dia. Viver a vida sem se levar muito a sério e dançar. Mas é preciso ter cuidado ao fazer isso, pois somos um perigo para a sociedade conservadora e se expor demais às vezes pode ser realmente perigoso. É que, no fundo, eles [os conservadores] sabem que todos estamos "in drag".

Como assim?
Veja, as drags usam uma máscara de alegria, assim como todas as pessoas. As "queens" causam medo por mostrarem que, em geral, todos usam uma capa. Elas lembram que as pessoas são muito mais do que acham que é e isso se torna uma ameaça para a sociedade.

Gosta muito de política, ao que parece.
Querido, ser drag queen, hoje, é um ato político.

Qual é a grande diferença ente a vida noturna dos anos 1990 e a de agora?
As pessoas se misturavam antigamente. Pretos, brancos, gays, héteros, bis, draqs... todos iam aos mesmos lugares. Hoje é tudo polarizado e parece haver um lugar para cada tipo de gente. No seu país, gosto que as pessoas se permitam misturar.

Nem tanto...
Basta dizer que, aí, nascem negros de olhos verdes. Nos EUA, isso é impossível.

O que gosta no Brasil além dessa mistura?
Os brasileiros são sexualmente mais abertos, ao passo que os americanos têm vergonha de sua sexualidade. É tudo muito frio e calcado na religião no que tange o sexo aqui. Não que o Brasil não seja religioso, mas aqui é algo que aprisiona a maioria da população, machista e preconceituosa.

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