Celebridades

Sei que várias portas se fecharam para mim, diz Rafinha Bastos, que lança nova série

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Rafinha Bastos está preso. Não de verdade, como foi cogitado em outubro de 2011 ainda em decorrência do processo envolvendo o comediante e a cantora Wanessa Camargo.

Como numa trama kafkiana, ele está atrás das grades sem saber direito o porquê, na nova série "A Vida de Rafinha Bastos", que estreia neste sábado (20), às 23h, no canal a cabo FX. Nos oito episódios da temporada, ele permanece preso durante todo o tempo em que sua mulher espera o primeiro filho do casal e narra a seus colegas de cela situações cômicas envolvendo sua fama, que já não está no auge.

A semelhança com a realidade não é, mesmo, coincidência. Depois da piada que fez no "CQC" (Band) com Wanessa Camargo, então grávida, em setembro de 2011, Rafinha, 36, nunca mais voltou a ter, na TV, o mesmo espaço e prestígio que tinha quando ocupava a bancada do programa e integrava a equipe do "A Liga", na mesma emissora.

Tentativa de voltar, houve. Mas seu "Saturday Night Live" na RedeTV! teve mudanças de horário, demorou a atingir a meta de audiência e Rafinha deixou a atração antes de terminar a primeira temporada.

Mesmo este "A Vida de Rafinha Bastos" enfrentou turbulências --que nada têm a ver com o histórico do comediante. A série teve um episódio piloto exibido no ano passado, pela Fox. Deveria ter 13 capítulos, mas, por questão de custos e prazos, a Fox tirou a produtora Mixer do projeto, que passou para as mãos da Zeppelin. E a estreia, que ocorreria em janeiro deste ano, acabou sendo adiada. Rafinha perdeu toda sua equipe e teve 45 dias para fazer tudo. "Até dirigi ator e escrevi roteiro", conta à Folha.

Crédito: Fabio Braga/Folhapress O comediante Rafinha Bastos, 36, em seu escritório, em São Paulo
O comediante Rafinha Bastos, 36, em seu escritório, em São Paulo

Rafinha está ansioso com a estreia. E no primeiro capítulo, "O Vizinho", fala de um jornalista que mora no apartamento ao lado e adora atacá-lo em seus textos. "Sem dúvida, este é o projeto da minha vida", diz.

Se não for a chance de finalmente botar um ponto final na "condenação" que vem deixado o comediante na penumbra dos holofotes, pelo menos é uma forma que encontrou de expurgar suas dores ao longo desse tempo todo.

Ele diz que não sofreu nesse tempo, a não ser pela família. E lembra, com os olhos marejados, de quando o pai o procurou, preocupado com a notícia de que poderia ser preso. "É difícil tranquilizar todo mundo. Isso foi foda pra mim durante um tempo", diz.

CHORO

Mas teve uma vez que baqueou. "Eu dei uma fraquejada e foi foda. Minha mulher chorou, meu pai se chateou, ligou três vezes no mesmo dia". A razão foi um post no Facebook de dezembro de 2012, em que critica o apresentador Luciano Huck, pego em uma blitz da Lei Seca.

Ele dizia coisas como "Eu conheço cabeça de playboy inconsequente" e "Pega um táxi, seu bosta".

"Aquilo não era o Rafinha, era um ser indignado que usou uma desculpa para destruir um sujeito", diz. "Não retiro nada que disse, mas sinto que errei na forma como me comuniquei". O comediante, que pediu desculpas públicas, disse que não o fez por causa da ameaça de um novo processo, e acha um absurdo perder processo por causa de piada. "A minha alegria na vida é não tomar cuidado, é me ariscar, errar, acertar, mas talvez eu tenha de olhar as coisas de outra forma. E, para mim, essa história do Luciano Huck foi um aprendizado".

Hoje, antes de publicar um texto, submete-o ao crivo de sua mulher, que foi quem o havia alertado da agressividade na crítica a Huck. "Eu estou mais cuidadoso. Não no conteúdo, mas na forma."

PORTAS FECHADAS

O outro preço que tem pago por ganhar a pecha de polêmico ou agressivo é encontrar portas fechadas. "Por mais que eu diga que estou bem, tranquilo, sei que tem um monte de lugar que se bloqueou para mim, comercialmente e criativamente", diz. Ele prefere não se "precipitar" em dizer nomes, mas lembra o caso do "Saturday Night Live".

"Parecia que as pessoas queriam que desse errado. Virou uma exigência, um ranço, é legal quando esse cara se fode." Segundo Rafinha, a meta do programa, de ter dois pontos de audiência, foi alcançada.

Ele mesmo admite que se equivocou com o "SNL". "Eu meti um monte de gente numa roubada", diz, em referência aos colegas humoristas que levou para a atração e que teriam ficado até sem receber salários. Para Rafinha, o programa não vingou por uma série de motivos, como a falta de experiência dele para ser produtor executivo, o horário, que o colocava como concorrente do "Pânico", e a falta de estrutura da emissora. "Outro fato que complicou foi ser o 'Saturday Night Live', que carrega o nome de um grande programa de comédia, e a gente era só um bando de moleques fazendo esquetes cômicas", diz.

O comediante conta que não desistiu da TV aberta, para a qual pretende voltar. Confirma que recebeu convite para voltar ao "A Liga", da Band, mas declinou por já estar envolvido na atual série da FX. E, apesar de notas na imprensa de que diretores do SBT cogitariam sua ida para a emissora, diz que não foi procurado por ninguém.

Rafinha parece estar mais tranquilo, também, quando fala dos colegas que o criticaram no passado. Com alguns, já teve a oportunidade de se entender pessoalmente. "Nunca mais falei com o Marcelo Tas, mas é um cara por quem tenho carinho e tenho certeza de que a gente ainda vai se reaproximar", diz.

INSPIRAÇÃO

Enquanto aguarda a repercussão de seu "A Vida de Rafinha Bastos", o comediante vem investindo na internet. Tem um talk show chamado "8 Minutos" e cogita fazer um humor mais politizado. Por ora, o que quer mesmo é ganhar a possibilidade de fazer a segunda temporada da série do FX. A inspiração maior para os novos episódios viria de seu filho, de 2 anos e meio.

Ele conta que o menino adora jogar um game em que o mocinho foge de um gorila --e exibe o jogo em seu celular. "Um dia fui deixá-lo na escola e o porteiro, que é um cara muito bacana, resolveu brincar com ele, correndo atrás dele. Ele perguntou: 'quem é você?', e meu filho respondeu, 'o mocinho'. 'E quem sou eu?', o porteiro perguntou. 'O macaco', ele disse. O cara é negão e alto. Seria uma só coincidência se o pai dele não fosse o Rafinha Bastos. Na série, isso já iria render um processo [risos]".

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