Celebridades

Nova geração do humor é boa, mas toda igual, diz Carlos Alberto de Nóbrega

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"Depois de 59 anos de carreira, ser homenageado é a coisa mais importante que existe. O tempo passa, as ideias vão ficando para trás. O que eu faço não é nada novo e, mesmo assim, lembraram-se de mim."

É um agradecido Carlos Alberto de Nóbrega que fala a respeito da homenagem prestada pela quarta edição do festival de humor Risadaria, que começa hoje (14) e vai até o dia 23 (veja programação completa em risadaria.com.br).

O veterano humorista, de 77 anos de idade e 59 de carreira, apresenta há 26 anos "A Praça É Nossa", atualmente no ar pelo SBT, às quintas-feiras à noite.

Todas as terças-feiras, Carlos Alberto repete um ritual: chega à emissora às 10h e se isola numa sala, onde repassa o texto. Já tem as 40 páginas relativas a cada programa decoradas desde a véspera.


"Decoro as minhas falas e as dos colegas. Ao meio-dia, começo o ensaio de texto com cada um deles, para corrigir inflexão de voz e falar sobre os cacos que os colegas querem inserir. Às 15h, no ensaio com o [diretor] Marcelo [de Nóbrega, filho do apresentador], já está tudo afiadinho."

Desde a criação do formato do programa, por Manuel de Nóbrega (pai de Carlos Alberto), em 1957, com o nome "Praça da Alegria", passaram pelo banco da praça centenas de humoristas. Ronald Golias, Maria Tereza, Consuelo Leandro, Jorge Loredo, Walter D'Avila, para citar alguns.

À frente da atração desde 1987, Carlos Alberto diz estar muito à vontade na função. "É o dia mais gostoso da semana. Distraio-me, dou risada. Faço com os pés nas costas."

Atualmente, ele cuida da revisão final do texto e da edição. Diz ter pulso firmo com os comediantes, apesar da figura de "paizão" que inspira aos mais novos, alguns dos quais o chamam de senhor apenas para serem repreendidos por ele. "Como vai brincar no programa comigo se me chama de senhor?".

Ele diz cobrar seriedade do elenco. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Eu não preciso gritar para dizer que quem manda no programa sou eu. Não preciso dizer que o Sol é quente", dispara.

Carlos Alberto agradece ao "bendito stand-up" por ajudá-lo a renovar o elenco do programa. "Começou a surgir uma geração nova, com alguns defeitos. São todos iguais. Todos têm a mesma inflexão. São engraçados, mas não têm a continuidade [a permanência ao longo do tempo]", critica.

O OVO DE COLOMBO

Com a renovação de personagens, Carlos Alberto acredita que o programa será eterno, ainda que não seja ele a conduzi-lo.

"O grande segredo do meu pai, o ovo de Colombo que ele botou em pé, foi o banco, a praça. O cenário é qualquer pracinha, um telão, um banco e dois postes, mais nada. A praça é uma verdade, a praça vai existir para sempre. Posso morrer, posso parar e, daqui a 50 anos, alguém pode fazer um programa com a praça porque a praça ainda vai existir."

Uma terceira geração da família Nóbrega já cuida do humorístico. Marcelo, filho de Carlos Alberto, é o atual diretor do programa, além de encarnar o "dono" do banco da praça nas turnês do programa por teatros do país. "Se o Marcelo ficar no meu lugar, eu vou ter pena porque é um peso muito grande. Ele tem condições de sentar no banco e fazer o programa. Eu sentei no programa só depois da morte do meu pai. Como o público vai aceitá-lo se eu ainda estiver vivo?".

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