"Elysium", novo filme do prodígio sul-africano Neill Blomkamp, 33, indicado ao Oscar por "Distrito 9", se passa no futuro da Terra de 2154, quando as nações se dividem em zonas. A trama central, contudo, é no quadrante latino, em uma Los Angeles repleta de sotaques e cenários comuns para quem vive no Brasil.

Não é por acaso que o cineasta escolheu Wagner Moura, Alice Braga e Diego Luna para orbitar em torno do personagem principal, Max da Costa, interpretado por Matt Damon. "Wagner e Alice são do Brasil, Diego é mexicano e Sharlto [Copley, vilão do longa] é da África do Sul. Seus países possuem uma discrepância extrema de riquezas. Eles conhecem o tema que estamos tratando", disse Blomkamp em entrevista para a imprensa mundial, em Cancún. "Construções como as favelas no Rio estão crescendo em todos os lugares. No meu ponto de vista, essa situação está piorando."

"O filme é sobre diferenças sociais, mas ainda tem muita diversão. Uma das coisas que mais admiro em cineastas é combinar cenários cool com um pensamento mais profundo", explicou Moura em sua primeira entrevista coletiva em uma produção hollywoodiana. "Quando li o roteiro de 'Elysium', eu mandei uns cem e-mails para ele [Blomkamp]. Foi uma honra fazer parte do projeto", exaltou Alice.

Os dois brasileiros fazem personagens que pouco se encontram. Moura vive Spider, uma espécie de revolucionário que leva "imigrantes" da Terra, onde o proletariado mora, para Elysium, uma estação orbital onde os bilionários vivem sem doenças, roubos e morte.

Alice interpreta Fray, uma jovem enfermeira que escolheu ficar na Terra para cuidar dos mais humildes --até encontrar Max, que tem oito dias de vida e precisa alcançar Elysium para encontrar uma cura.

Para deixar nosso planeta ainda mais inóspito, Blomkamp decidiu filmar no segundo maior depósito de lixo do mundo, no México. "Procuramos os lugares mais feios do México. O cheiro do local um pouco antes do amanhecer era insuportável. Achei que não iria conseguir", revelou o diretor.

"Foram as duas semanas mais difíceis da minha carreira. Como qualquer lixão, havia muitos coliformes fecais no ar. No fim do dia, quando passávamos o pano na cara, o que saia era merda. Sério, literalmente", confessou Matt Damon. "Mas valeu a pena, porque nunca conseguiríamos criar um local parecido com efeitos especiais. A gente pode fazer com chroma-key, mas estar ali realmente fez a diferença."

"Elysium" estreia em setembro no Brasil.