Celebridades

Atores bilíngues têm carreiras paralelas

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Em seu mais recente filme, "Todos Tenemos Un Plan", rodado em Buenos Aires e arredores, Viggo Mortensen só fala em espanhol. Em "Dentro da Casa", ambientado nos subúrbios de uma cidade francesa não identificada, Kristin Scott Thomas só fala em francês.

Esses dois artistas indicados ao Oscar são exemplos de atores anglófonos que construíram carreiras paralelas em outras línguas.

Scott Thomas já fez mais de uma dúzia de filmes em francês, recebendo várias indicações ao César, o equivalente francês do Oscar, enquanto Mortensen ganhou elogios semelhantes em castelhano, recebendo em 2006 uma indicação ao Goya, o Oscar espanhol, por sua atuação como um fanfarrão soldado da fortuna do século 17 em "Alatriste".

"Gosto de desafios", disse Mortensen, quando questionado sobre o que o levou a fazer "Todos Tenemos Un Plan". "Leio tudo aquilo em que posso por as mãos e tenho a cabeça aberta", afirmou. "O jogo só muda enquanto eu continuar tentando fazer coisas novas."

Mortensen passou a maior parte da sua infância na Argentina e diz que o inglês e o espanhol estão "praticamente em pé de igualdade" em sua cabeça.

Já Scott Thomas foi educada na Inglaterra por freiras belgas, casou-se com um francês e tem casa em Paris. Os dois últimos filmes deles têm estreias previstas até maio nos Estados Unidos.

Outros atores americanos já saltaram sobre barreiras linguísticas. Gillian Anderson recentemente atuou em "Minha Irmã", filme de Ursula Meier falado em francês, e Kevin Kline apareceu em 2009 em "Xeque-Mate", também nesse idioma.

"Sempre tive curiosidade de saber qual é a diferença, se é que há, entre os atores franceses e americanos", disse Kline. "Achei que falar francês traria algo diferente, o que aconteceu."

Há, de fato, uma longa tradição de atores e atrizes americanos escavando nichos no cinema francês: Jean Seberg, nascida em Iowa, foi uma das musas da Nouvelle Vague. Jane Fonda fez incursões em filmes franceses no começo da sua carreira. Eddie Constantine estrelou filmes de gângster e "Alphaville", de Godard. John Malkovich já rodou filmes e séries de televisão para o mercado francês.

Além disso, a oferta de atores entre 20 e 40 anos com habilidades linguísticas está em expansão: Mila Kunis só falava russo até migrar para os EUA, aos 7 anos, Natalie Portman é fluente em hebraico e Morena Baccarin e Jordanna Brewster falam português graças às suas mães brasileiras.

Mas não está claro se a opção por uma carreira paralela em um idioma estrangeiro irá se tornar mais comum.

Mortensen, que está morando em Madri, disse que não busca de forma consciente fazer algo numa língua que não o inglês. "Sempre olho o enredo. Ou seja, eu não iria querer fazer um filme argentino só por fazer um filme argentino", afirmou.

Scott Thomas sugeriu que o medo pode dissuadir mais atores anglófonos a aceitarem papéis em outras línguas. "Estou fazendo isso há muito tempo, mas sei que começar foi realmente dificílimo, com uma curva de aprendizado bastante amedrontadora", disse ela. "Fiquei aterrorizada e continuo me preocupando como pronunciar esta ou aquela palavra."

Kline teve uma experiência semelhante com "Xeque-Mate". "Demorei mais para decorar as falas, pois eu tinha de assimilar o francês idiomático e, de alguma forma, me apropriar dele", afirmou.

Scott Thomas conscientemente se alterna entre papéis em inglês e em francês. "Uma razão pela qual gosto de trabalhar em francês é que há papéis interessantes a serem feitos por mulheres da minha idade", disse a atriz, de 52 anos.

"Diretores e produtores franceses", disse, "estão menos preocupados em empregar uma mulher com mais de 35 anos. Isabelle Huppert, Juliette Binoche, Charlotte Rampling e eu sobrevivemos e prosperamos nesse tipo de atmosfera".

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